Atos e Fatos
“Todo poder emana do povo e em seu nome é exercido” – Artigo 1º da Constituição
A POLÍTICA EM CRISE
Professor Márcio Meirelles
Diante dos últimos espetáculos circenses patrocinados pelos políticos há de se perguntar: a política está em crise?
A política, tradicionalmente vista como o espaço de debate e construção do bem comum, vive um momento de profunda crise de credibilidade em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil.
A desconfiança, o rancor e o ódio se instalaram no discurso político, polarizando sociedades e minando a confiança nas instituições democráticas.
Neste artigo, a pretensão de tentar explicar as causas dessa degradação, a ameaça à democracia e o fenômeno do surgimento de “outsiders” na política.
No nosso país, nestes últimos anos, deparamos com o “mensalão”, “petrolão”, o impeachment de Dilma Rousseff, prisão do ex-presidente Temer, o relaxamento da prisão do presidente Lula e a sua vitória, a Covid, o descrédito do sistema eleitoral, e um “quase” golpe de Estado patrocinado por Bolsonaro e seus asseclas.
Não é pouco!
Apesar da diversidade de eventos negativos da política nacional a corrupção – endêmica – mina a confiança dos cidadãos nas instituições e nos representantes eleitos.
A percepção de que a política é um instrumento de enriquecimento pessoal, de poder, desestimula a participação cidadã e fortalece o discurso antipolítico.
A crescente e flagrante desigualdade social gera frustração e ressentimento, alimentando discursos populistas e extremistas que prometem soluções simples para problemas complexos.
A sensação de que o sistema político não representa os interesses da maioria da população contribui para a desconfiança e o desinteresse pela política.
A polarização ideológica, intensificada pelas redes sociais e pela mídia, impede o diálogo e o consenso, tornando a política um campo de batalha em que os adversários são demonizados. Essa polarização dificulta a construção de políticas públicas que atendam aos interesses de toda a sociedade.
A fragilidade das instituições democráticas, como os partidos políticos e os sistemas eleitorais, com farto financiamento público, emendas parlamentares, a politização do Judiciário, contribui para a crise de legitimidade.
A falta de renovação e a dificuldade dos partidos em representar os anseios da sociedade enfraquecem a democracia.
A disseminação de notícias falsas e a manipulação da informação nas redes sociais criam um ambiente de desconfiança e dificultam o debate público. A desinformação alimenta narrativas conspiratórias e radicaliza posições políticas.
A pergunta apropriada: a democracia em risco?
Sim, a crise da política representa uma ameaça real à democracia.
A desconfiança nas instituições, a polarização e o ressentimento podem levar à fragilização do Estado de Direito e à ascensão de regimes autoritários.
A democracia exige a participação ativa dos cidadãos e a confiança nas instituições, elementos que estão sendo minados. A sociedade contemporânea parece cada vez mais distante da política. Um risco.
A desconfiança, a apatia e a sensação de impotência política levam muitos cidadãos a se afastarem da vida pública.
A falta de conhecimento sobre os processos políticos e a complexidade dos problemas públicos contribuem para essa alienação.
O descontentamento com a política tradicional tem levado ao surgimento de “outsiders”, figuras sem experiência política que prometem uma renovação radical.
Essa tendência reflete a busca por alternativas e a frustração com os políticos tradicionais.
No entanto, a falta de experiência e a ausência de um projeto político consistente podem comprometer a governabilidade e a efetividade das políticas públicas.
A crise da política é um desafio complexo que exige uma resposta. É preciso fortalecer as instituições democráticas, combater a corrupção, promover a igualdade social, estimular o debate público e combater a desinformação.
Então, a recuperação da confiança na política é fundamental para garantir a democracia e o bem-estar da sociedade.
Este artigo pode ser um ponto de partida para uma discussão mais aprofundada sobre a crise da política contemporânea e suas implicações para a sociedade como: o papel das redes sociais na polarização política; a relação entre desigualdade e populismo; o impacto da corrupção na democracia e a importância fundamental da educação política para a cidadania.
Fica a sugestão!