Após greve, provedor teme fechamento da Santa Casa

Sem dinheiro para pagar médicos e fornecedores, hospital de Cruzeiro passa por crise e pode parar

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O provedor José Ponciano conseguiu R$ 100 mil da prefeitura para amenizar crise e acabar com a greve (Foto: Francisco Assis)

Francisco Assis
Cruzeiro

A semana foi marcada por polêmica e um sinal de alerta na Santa Casa de Cruzeiro. A ameaça de greve imposta pelos médicos foi colocada em prática na última quarta-feira, quando o atendimento foi paralisado. Mesmo após normalizar o serviço, o provedor José Ponciano tem um prognóstico negativo para o hospital.

O atraso no repasse de R$ 730 mil mensais da Prefeitura para a entidade motivou a paralisação dos 32 plantonistas, que mantiveram apenas o atendimento emergencial. A verba que custeia o trabalho no Pronto Socorro está atrasada em quase dois meses.

Para acabar com a greve, Ponciano conseguiu junto à Prefeitura a liberação de R$ 100 mil. “Conversamos com o prefeito e fizemos um rateio entre os médicos, que voltaram. O repasse havia vencido no dia 15 de agosto, referente ao salário de julho, quer dizer, eles vêm trabalhando desde julho, sem receber”, contou o provedor, que já espera novas paralisações. “Esse valor acertou 10% da dívida com os médicos. Daqui a pouco, eles voltam a cobrar o pagamento e podem parar de novo”.

O atraso virou rotina na entidade. A cada mês, o Ponciano enfrenta a demora nos repasses municipal, estadual e federal, e busca saídas, como a criação de uma tarifa junto à conta de água (leia texto nesta edição) e um plano para sanar problemas como a dívida R$ 4 milhões com fornecedores.

O “Santa Casa Card” é um plano de saúde para pacientes do hospital, idealizado em projetos semelhantes. “Com esse plano, esperamos arrecadar cerca de R$ 100 mil. Estive em Itanhandú, que tem 17 mil habitantes e arrecada cerca de R$ 120 mil com seu plano. Por isso acredito em nosso plano, pois somos uma cidade com 80 mil pessoas, e devemos passar dos R$ 100 mil”, avaliou Ponciano.

Mas mesmo com projetos para gerar recurso, o hospital segue em risco. Além da quase certa futura paralisação, o provedor diz que agora não só não consegue projetar o próximo mês, como acredita que, se não houver um forte trabalho para recuperar o atendimento, a Santa Casa corre o risco de ser fechada. “Acho que se o governo não intervir, não ajudar de alguma forma, esse hospital deve parar. Não há um equilíbrio entre receita e despesa. Só de juros, pagamos cerca de R$200 mil. A conta não fecha”, decretou.

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