Sem internação, material e dinheiro, Santa Casa de Cachoeira tem ações judiciais e futuro indefinido

Hospital mergulhado na crise enfrenta denúncias de funcionários e guerra política

Da Redação

Cachoeira Paulista

A crise nas Santas Casas da região é um dos principais motivadores da quebra da rede pública no Vale. Um dos casos mais emblemáticos está em Cachoeira Paulista, onde o hospital sofre com cofres vazios e a guerra política, agravada após a intervenção municipal.

A Santa Casa de Misericórdia de São José é administrada pela Prefeitura da cidade desde 1997. Nos últimos anos, virou alvo de reclamações pelas ruas, em crise que acarretou no fechamento do setor de internação, após determinação do Ministério Público sobre irregularidades apontadas por um laudo da DRS (Departamento Regional de Saúde), mantendo apenas o Pronto Atendimento funcionando.

Com o fechamento, em maio, os pacientes que precisam de internação são encaminhados para outras cidades, trabalho custeado por um convênio (sem valores revelados) com Guaratinguetá e São José dos Campos, para atendimento de clínica médica e cirúrgica. “A população de Cachoeira não será prejudicado, porque toda essa mudança foi bem planejada. Os casos de internação serão acolhidos e ninguém ficará sem atendimento”, garantiu na época a secretária de Saúde da cidade, Magna Farabello.

Mas quatro meses depois, apenas o serviço de raio-X e de laboratório seguem funcionando normalmente. No atendimento foi realocado os funcionários que atendiam no Pronto Atendimento. Mudanças que não impediram novos problemas no hospital.

Com atrasos no pagamento e dificuldades com aparelhos, os trabalhadores reclamam de constantes problemas. Em julho, após novo atraso no pagamento e férias vencidas, um movimento formado por funcionários da Santa Casa questionou a direção do hospital pelo cumprimento de um acordo, realizado com os profissionais.

Apesar dos problemas, o grupo decidiu não iniciar greve. A sugestão partiu do presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde, Carlos José Gonçalves, que explicou que a greve não seria o mais indicado. Para ele, a melhor solução seria uma rescisão indireta do contrato de trabalho em massa.

O diretor do sindicato da categoria em Lorena (que responde por Cachoeira), Martinho Santos, contou que o órgão e os funcionários aguardam um posicionamento por parte do hospital, após ações judiciais impetradas para reverter a condição dos profissionais. “As ações estão correndo devido as irregularidades. Os funcionários decidiram não fazer greve e estamos aguardam um parecer da Justiça. Há atrasos constantes de salário, férias e outros benefícios e eles (Santa Casa) alegam que com o fechamento dos setores, não há subsídios para pagar”.

De acordo com o sindicalista, além das condições e salários atrasados, benefício e direitos como o Fundo de Garantia, não vem sendo respeitado pela direção.

Martinho destacou que a demora vem prejudicando não só os trabalhadores como o próprio hospital, que conta hoje com 180 trabalhadores. “A verba iria para as cidades que estão atendendo os pacientes dos setores paralisados, como a própria internação, que está interrompida”.

A reportagem do Jornal Atos procurou a direção da Santa Casa e a secretaria de Saúde, mas não obteve resposta até o fechamento desta edição.

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