Com ocupação média, número de respiradores preocupa prefeituras

Isolamento social cai na RMVale e Estado garante flexibilização de quarentena mediante alta nos índices e disponibilidade de leitos

Um dos leitos entregues ao hospital de campanha em Cruzeiro; estado deve repassar menos respiradores aos municípios (Foto: Marcelo A dos Santos)

Rafaela Lourenço
RMVale

A falta de estrutura na Saúde é um dos principais problemas que o mundo enfrenta no combate ao novo coronavírus. Em paralelo, o isolamento social utilizado para prevenir o contágio, segue como estratégia para flexibilizar a quarentena no estado de São Paulo. Apesar da média de 60% dos municípios da RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte), a preocupação na região ainda é grande, além da quantidade de respiradores, foco da atenção de prefeitos.

O estado registrou novamente um índice de isolamento abaixo do ideal de 70% nos últimos dias. De acordo com os dados do governo, na última sexta-feira (15) São Paulo bateu os 47% de adesão. Já no final de semana, uma pequena elevação (50% no sábado e 54% no domingo).

Os baixos índices também são sentidos na região, mas com cidades ainda acima da média estadual, como São Sebastião, que segue na ponta do ranking com 66%. Ubatuba (62%) e Caraguatatuba (57%) e Cruzeiro (55%) seguem entre as cidades com melhores números. Outras duas que eram destaque no levantamento estadual (Lorena e Pindamonhangaba) não aparecem nem mesmo entre os vinte melhores municípios. A primeira registrou 49% no sábado e 50% no domingo. Já Pinda não chegou a ficar abaixo do piso do estado de 50% (51% no sábado e 53% no domingo).

Para flexibilizar a quarentena, o governador João Doria (PSDB) explicou na última segunda-feira que dependerá da adesão e participação do maior número de pessoas. O governo destacou a necessidade das pessoas ficarem em casa ou saírem apenas para atividades realmente necessárias. “A taxa de isolamento acima de 55% é um critério muito importante que hoje, infelizmente, não estamos alcançando a redução sustentada do número de novos casos por 14 dias, pelo menos, combinada com a taxa de ocupação de leitos de UTI sob controle com número inferior a 60%. Esses critérios têm sido adotados por diversos países do mundo”, frisou a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Hellen.

Apesar das médias municipais superarem a do estado, as confirmações de Covid-19 têm aumentado na RMVale. São 1263 infectados (números oficiais da RMVale até esta segunda-feira).

Para atender a demanda, os prefeitos têm se movimentado para adequar UPA’s (Unidade de Pronto Atendimento), UBS (Unidade Básica de Saúde), montam Hospitais de Campanha e pedem auxílio às câmaras municipais. O principal receio é a falta de respiradores.

O prefeito de Pinda, Isael Domingues (PL), comemorou nesta semana, o recebimento de cinco equipamentos da empresa Tenaris. O município que contabiliza os respiradores da rede pública e privada, devido a um convênio e contratação de serviços de empresas, conta com 45 unidades, destes, segundo a secretaria de Comunicação, cinco estão em uso. “Podemos ampliar a capacidade de 45 para sessenta dependendo das condições em relação à pandemia (trecho da nota)”.

São Sebastião, que lidera o ranking de isolamento social, tem 35 respiradores e cinco sendo utilizados por pacientes internados na UTI, com síndrome respiratória e dois em leitos de baixa complexidade.

Cruzeiro informou a reportagem do Jornal Atos que possui 25 respiradores e que 75% estavam sendo utilizado até a última segunda-feira. O Município aguarda sete unidades do Estado.

A cidade vizinha, Lavrinhas, não possui respiradores, pois tem como referência o sistema público de Saúde de Cruzeiro.

Para os atendimentos em Guaratinguetá, atualmente são 18 leitos com respiradores e três em uso na UTI. “Com a construção do novo Pronto Socorro, que terá trinta leitos, a Prefeitura já está buscando novos respiradores para compor o local (trecho da nota)”.

Segundo a Santa Casa de Ubatuba, a cidade possui 12 respiradores e nenhum sendo utilizado. Semelhante a Aparecida, que conta com oito unidades, nenhuma em utilização e previsão da chegada de dois equipamentos. A cidade é referência no atendimento de Potim e Roseira que não possuem respiradores.

A prefeita de Piquete, Teca Gouvêa (MDB) informou que o Pronto Atendimento da cidade possui dois respiradores e nenhum em utilização.

O prefeito de Cachoeira Paulista, Edson Mota (PL), divulgou nas redes sociais que o munícipio conta com três respirados. A comunicação municipal não respondeu a esta reportagem.

A Prefeitura de Lorena, que entregou mais dez leitos de UTI para Santa Casa nesta semana, totalizando vinte, não informou a quantidade exata de respiradores, assim como as prefeituras de Caraguatatuba e Ilhabela, que não responderam à redação até o fechamento desta edição.

Distribuição – O Estado afirmou na última quarta-feira que repassará aos municípios menos da metade dos respiradores comprados da China.

Segundo o vice-governador Rodrigo Garcia (DEM), após problemas com o fornecedor, a compra foi reduzida a 1.280 equipamentos com cerca de R$ 261 milhões. A expectativa é que de todos sejam entregues até a primeira semana de junho. A compra, sem licitação, é alvo de investigação do Ministério Público.

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