Piquete troca de empresa do transporte público após determinação judicial

Para manter tarifa “sob controle, Prefeitura custeia R$ 1 por passagem, mas não evita reclamações

Moradores de Piquete seguem em linha com destino ao bairro da Tabuleta em ônibus da nova empresa que passa operar o sistema (Francisco Assis)
Moradores de Piquete seguem em linha com destino ao bairro da Tabuleta em ônibus da nova empresa que passa operar o sistema (Francisco Assis)

Da Redação
Guaratinguetá

Após 24 anos, Piquete conta com uma nova empresa no transporte público. A ABC Caçapava é responsável pelo serviço nas ruas da cidade há quatro dias, em contrato que elevou em R$ 0,20 o preço da passagem. Para evitar um aumento maior, a Prefeitura decidiu subsidiar R$ 1 por passageiro.
O serviço realizado pela empresa Transcariri foi questionado pelo Ministério Público, em 2013, quando o órgão determinou a realização de um processo licitatório para um novo contrato na cidade, ao invés da concessão em caráter emergencial.
De acordo com a prefeita Teca Gouvêa (PSD), a própria Transcariri não havia mostrado interesse em manter o serviço na cidade, seguindo até que a vencedora da licitação fosse anunciada. “Assumimos já com essa demanda e desde 2013 estamos tentando trazer uma empresa, mas não conseguimos. Com um trabalho técnico, chegamos ao preço da tarifa, assessorado pelo EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo) e chegamos a essa contratação da ACB Caçapava, com a tarifa de R$ 3,20”, contou. “Tudo legalmente”, reforçou.
A Transcariri foi impossibilitada de participar da licitação, devido a ligação da empresa com a vereadora Raimunda de Fátima Franco, a Fátima do Cariri (PSD). A parlamentar é casada com o proprietário da transportadora, José Francisco da Silva, vereador e prefeito nas décadas de 80 e 90.
O contrato com a ABC é de dez anos com perspectiva de prorrogação por mais cinco anos. Teca contou que o preço da passagem não era reajustada desde 2011. Dos R$ 3,20, a Prefeitura decidiu subsidiar R$ 1.
“Se não fizéssemos isso, seria um impacto muito grande, porque passaríamos de R$ 2 para R$ 3,20. Como temos o recurso e a lei permite, usamos dessa prerrogativa para subsidiar o R$ 1”. A chefe do Executivo revelou que a cada ano será feito um estudo para saber se há recursos e se esse sistema continuar.
“Vai depender de como a Prefeitura estará com relação ao caixa. Se houver condições, não há motivo para não manter”, avaliou.
Ainda sem números exatos, a Prefeitura acredita que deve investir entre R$ 8 mil e R$ 10 mil mensalmente com o subsídio. “Com catraca vai ser possível saber quantas pessoas utilizam o transporte público, quantas pagam e quantas são beneficiadas com a gratuidade. Depende também das condições do país, porque o que pesa nas tarifas é salário, que tem que seguir o piso, além do preço do combustível, que sobe muito”.
Apesar do subsídio de R$ 1, definido pela Prefeitura, os passageiros não receberam com bons olhos o aumento de vinte centavos (leia enquete a seguir). Outra reclamação é com relação a acomodação, com destaque aos idosos.
A comerciante Ângela Costa contou que já presenciou problemas que poderiam levar ao passageiro. “Idosos tem que ficar na frente. Qualquer um pode cair e se arrebentar todo. Eu não uso, mas a gente está vendo a situação deles”.
Para Teca, nos primeiros dias de serviço haverá um impacto já que as pessoas não estavam acostumadas a algumas situações do novo sistema. “Estamos avaliando essas situações para melhor o serviço. Com o idoso, é preciso saber como se dirigir, adaptar-se ao regime novo, que é o correto, com catraca. Já com relação ao preço, a Prefeitura não tem como fornecer transporte de graça para todos. Estamos nos esforçando para dar o serviço, com um preço razoável e com o conforto possível”.

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