Requerimentos abrem guerra entre Elcinho e Marcondes em Lorena

Câmara abre apuração sobre abastecimento da ABC; base garante que terá tranquilidade para respostas

Da Redação
Lorena

O vereador de oposição, Elcio Vieira, que conseguiu colocar dez requerimentos em uma única sessão (Foto: Francisco Assis)
O vereador de oposição, Elcio Vieira, que conseguiu colocar dez requerimentos em uma única sessão (Foto: Francisco Assis)

Se a expectativa para o novo cenário eleitoral em Lorena era de confronto declarado, a primeira sessão da Câmara não desapontou os partidários. Um pacote com dez requerimentos com cobranças foi apresentado pelo vereador de oposição Elcio Vieira Junior, o Elcinho (PV), mas apenas dois conseguiram aprovação, um deles considerado bomba, que mantém a expectativa para os oposicionistas abrirem processo contra o prefeito Fábio Marcondes (PSDB).

Entre os requerimentos, cobranças como informações sobre a merenda escolar, despesas com os serviços públicos, bens da candidatura do prefeito em 2016, arrecadação da Prefeitura entre 2013 e 2016, gastos com obras no bairro Cidade Industrial, cobrança de EPI (Equipamento de Proteção Individual) e vistoria e apreensão de veículos, todos rejeitados, em votações que geraram surpresa, devido ao voto contrário de membros do grupo de nove vereadores, que garantiu todos cargos na mesa diretora no dia 1º de janeiro, quando derrotou a chapa apoiada por Marcondes.

Entre os votos, situações como a do vereador Careca da Locadora (PV), que chegou a votar contrário às solicitações de Vieira. Em uma das votações, ele chegou a pedir a troca de voto ao presidente da Casa, Waldemilson da Silva, o Tão (PR), após ser indagado pelo colega de partido. Caso parecido aconteceu com a vereadora Ana Lucia Silva Mello, a Lúcia da Farmácia (PP), que também trocou o voto, após ser contrária ao requerimento de Elcinho, sobre informações do combate à dengue (que acabou aprovado), e, em seguida, ser questionada pelo autor da solicitação.

Mas em meio à votação, um outro requerimento, considerado “bomba” nos corredores da Casa, não trouxe surpresa, em comparação com a votação do dia 1º de janeiro. Com os mesmo nove votos que elegeram a mesa diretora, Vieira conseguiu aprovar o pedido de apuração sobre “motivos dos ônibus da ABC (empresa contratada para o transporte público) abastecer no posto Fama, de propriedade do prefeito (trecho do requerimento)”.

“Está na Lei Orgânica. O prefeito não poderá, desde a posse, sob pena de perder o cargo, firmar e manter contrato com pessoa jurídica de direito público, autarquia, empresa pública, sociedade, concessionária de serviço público. Então o prefeito está proibido de manter. Passamos todos os dias nos últimos quatro anos, na frente do posto dele, no Santo Antônio e havia gravação de ônibus entrando e saindo, abastecendo, e infelizmente a Câmara na legislatura passada não quis apurar. Mas os abastecimentos continuam e esse é o meu papel”, argumentou Vieira.

O vereador contou que encaminhou dois questionamentos. “Fiz duas perguntas no requerimento. Se o prefeito revogou a lei ou conseguiu anular na justiça esse artigo. Não estou dizendo que ele cometeu algum crime, apenas quero ouvi-lo. Essa notícia do abastecimento não é novidade”, frisou. “Pedi para a concessionária enviar todos os abastecimentos. Foram duas perguntas no requerimento, um para a ABC e outro para o prefeito”.
A Prefeitura tem sessenta dias para encaminhar respostas à Câmara.

Líder do prefeito no Legislativo, Wander da Silva Pereira, o Wandinho (PSDB) garantiu que Marcondes não terá problemas em esclarecer as dúvidas quanto ao abastecimento dos ônibus da ABC.

“Ele (Elcinho) tem o direito de apresentar os requerimentos, assim como eu, líder do prefeito, tenho o direito de conversar para a derrubada do requerimento, até porque as vezes o requerimento é direcionado, vem de forma pessoal, não para cobrar o melhor para a cidade. Este abastecimento acontece há quatro anos, quando se teve o Tribunal de Contas analisando a situação, tanto que se houvesse irregularidade, já haveria apontamento”, lembrou.

Para o prefeito, o assunto poderia ser levantado no Ministério Público, onde é mais fácil ter acesso aos dados. “Ele deveria ir ao MP, não fazer politicagem. Faz uma representação judicial, mas depois paga a sucumbência (honorários que a parte vencida em um processo paga ao vencedor). Em agosto, atualizei esses dados no TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Está lá para qualquer cidadão do mundo olhar”, rebateu Marcondes.

Divisão – A votação que marcou a primeira sessão do ano trouxe curiosidades, como os votos da oposição, se opondo a Elcinho; e a declaração do presidente Tão, eleito pelo grupo contrário à Fábio Marcondes, garantiu se considerar da base do prefeito.

“Fiscalizar é uma coisa, trabalhar para a cidade é outra. Não votei contra o prefeito. Ele é o homem mais correto que tem, até que me provem o contrário. Trabalhei para ele, votei nele. O que fiz foi exercer meu papel como fiscalizador, é isso que eu quero”, frisou o presidente. “Os impasses acontecerão, mas precisaremos refletir. Vamos trabalhar para que as próximas sessões sejam mais produtivas e menos tumultuadas”.

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