Empresas da região são alvos da Operação Lava Jato

Fábricas em Lorena e Pinda passam a ser investigadas na 30ª fase; segundo procurador, “empresários pagaram propinas para prosperar”

A Apolo Tubulars em Lorena, empresa alvo de investigação da Operação Lava Jato (Foto: Thiago Rocha)
A Apolo Tubulars em Lorena, empresa alvo de investigação da Operação Lava Jato (Foto: Thiago Rocha)

Andreah Martins
Lorena

Batizada de “Operação Vício”, a 30ª fase da Lava Jato levou os trabalhos que colocaram em xeque caciques da política nacional e grandes empresários à região. Duas empresas do setor de tubulares, de Lorena e Pindamonhangaba, receberam equipes da Polícia Federal, que buscam provas da ligação com sistema de corrupção no país.

A investigação apontou três grupos de empresas que fariam parte de esquema de corrupção, por meio de contratos ideologicamente falsos e pagamento de propina no ramo de engenharia. As tubulares Apolo e Confab, grandes fornecedoras de tubos no Brasil, estão no inquérito pelos mais de R$ 5 bilhões em contratos fictícios com a Petrobras.

Em decorrência aos acordos, foram pagas propinas que superam R$ 40 milhões. A Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão na unidade da Apolo, na manhã desta terça-feira (24) em Lorena.

Segundo o procurador Roberson Pozzobon, foi verificado que no final de 2009, os executivos procuraram o operador financeiro Júlio Camargo, que buscou o auxílio do diretor de engenharia da Petrobras, Renato Duque, para negociar contratos com a estatal. “Foram pagos cerca de R$ 6,7 milhões em propinas; parte desse valor para o diretor e parte para o grupo político que o apoiava”, declarou Pozzobon, em coletiva, horas após o início da operação.

A investigação aponta também que a Confab teria buscado auxílios, em 2006, na Diretoria de Serviços e Engenharia, solicitando ao executivo estabilidade da regra de conteúdo nacional. Isso proporcionaria à empresa lucros dos investimentos efetuados na planta de uma indústria em São Paulo, que seriam vendidos para a Petrobras. “Os próprios empresários que buscaram o pagamento da propina como modelo de negócio”, confirmou o procurador.

Há ainda indícios de envolvimento do ex-ministro José Dirceu no pagamento dos falsos contratos com as empresas citadas, incluindo a Credencial Construtora, uma das empresas noteiras (empresas fictícias utilizadas apenas para emissão de notas frias e criação de créditos indevidos). Os dados apontam que 25% dos R$ 6,7 milhões foram repassados a Dirceu e seu irmão, enquanto o restante, destinados aos demais beneficiados.

Operação Vício – A 30ª fase a Lava Jato recebeu esse nome como referência às investigações no setor de compras e aquisições dos tubos que, segundo o coordenador da operação, Igor de Paula “reflete como estão viciadas as formas de contratação no Estado, no caso da Petrobras” e da necessidade de um processo de “desintoxicação da corrupção”. Ao todo, nessa fase, serão cumpridos 28 mandados de busca e apreensão e dez conduções coercitivas. Dois mandados de prisão já foram cumpridos.

Outro Lado – A reportagem do Jornal Atos entrou em contato com as empresas Apolo Tubulars e Confab Tenaris, investigadas pela Lava Jato, mas não obteve resposta até o fechamento desta matéria.

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