Com “discussão” de 31 segundos, Câmara salva mandato de Adevaldir

Votação relâmpago arquiva processo de vereador acusado de concussão e coação

Adevaldir Ramos que se livrou de denúncia em Lorena (Foto: Divulgação CML)
Adevaldir Ramos que se livrou de denúncia em Lorena (Foto: Divulgação CML)

Rafaela Lourenço
Lorena

Trinta e um segundos. Esse foi o tempo suficiente para a Câmara de Lorena arquivar o processo do vereador Adevaldir Ramos (PRB), indiciado pelos crimes de concussão e coação (a exigência de vantagem indevida de agente público e constrangimento físico ou moral, respectivamente). A aprovação relâmpago, feita de forma unânime, derrubou pedido do Ministério Público, que destacou a possibilidade de condenação e seguiu relatório da Comissão de Ética e Justiça da Casa.

A medida vai no sentido contrário à decisão da promotora de Justiça, Larissa Buentes Frazão, que entrou com um pedido de afastamento do cargo do parlamentar. Os crimes, que contam com o envolvimento do filho de Ramos, o ex-vereador Fabrício Ramos (PRB), cassado em 2015, foram investigados pela Secold (Setor de Combate aos Crimes de Corrupção), e teve comprovações como desvios mensais de mais de R$ 1 mil de seu gabinete.

No início da última sessão de Lorena, o presidente da Câmara, Maurinho Fradique (PTB), utilizou exatamente 31 segundos para colocar em apreciação do plenário e para votação o processo de Ramos, que, segundo Fradique, obteve parecer da Comissão de Ética e Disciplina sugerindo o arquivamento. Sem votação nominal, a decisão dos vereadores pelo arquivamento foi unânime, mas passou quase despercebida na última segunda-feira.
Não participaram da votação os vereadores Bruninho Ribeiro (PPS), Bruno Camargo (MDB), Lucia da Saúde (PV), Beto Pereira (DEM) e Waldemilson da Silva, o Tão (PR).

A ação de responsabilidade civil por ato de improbidade administrativa com pedido liminar de afastamento se baseou em denúncia feita por uma ex-assessora da Câmara, em 2017, relatando que o vereador Adevaldir Ramos a obrigava a dividir os salários entre os funcionários do gabinete. Elaine Calixto procurou a Justiça com provas do crime de concussão, como gravações de áudio que mostram as negociações e mensagens de ameaças feitas pelo vereador através de um perfil no Facebook.

Após mais de um ano, a investigação foi concluída e os acusados foram denunciados pelo Ministério Público. “Durante a investigação conseguimos reunir provas que tanto o senhor Adevaldir como o senhor Fabrício proferiram ameaças contra a vítima. Nesse cenário nós temos caracterizado outro crime, de coação no curso do processo”, destacou o delegado da Secold, Dr. Francisco Sannini, em 2018, durante anúncio da oficialização da denúncia.
O Jornal Atos entrou em contato com o presidente da comissão permanente de Ética e Disciplina, Pedro da Vila Brito (PTB), que atendeu a reportagem mas não respondeu aos questionamentos até o fechamento desta matéria.

Beto Pereira – Outro caso arquivado na sessão anterior, o do vereador do DEM também teve denúncia de quebra de decoro parlamentar. Acusado por envolvimento em processo policial, Pereira foi ouvido como testemunha em investigação da polícia. O arquivamento também teve decisão unânime.

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