Atrasos, licitação e divergência sobre terreno prolongam novela do AME em Lorena

Aguardado como uma das saídas para amenizar crise na rede pública, ambulatório ainda não tem data para ser entregue

AME
Meses após ser entregue o prédio do AME aguarda final de embrólio contratual para iniciar atendimento (Foto: Francisco Assis)

Francisco Assis

Lorena

 

Em meio à crise e cobranças de investimentos na saúde do Vale do Paraíba, uma (já velha) questão voltou à tona em Lorena, a demora na entrega do AME (Ambulatório Médico de Especialidades). Anunciado em 2009, o sistema deveria ser inaugurado em 2014, mas os pacientes da região ainda terão que aguardar meses para contar com o atendimento, devido a problemas na licitação e até mesmo dúvidas sobre o terreno construído.

Anunciado durante passagem do então governador de São Paulo José Serra (PSDB) por Lorena, o AME passou a ser foco de questionamentos na região. Há meses, quem passa pela rua Dom Bosco vê a bonita fachada do prédio, entregue após paralisações e atrasos, sem saber quando terá as 22 especialidades médicas à disposição.

Para isso, o governo do Estado ainda busca uma entidade para administrar o atendimento, mas até mesmo o processo de licitação foi emperrado.

O prefeito de Lorena Fábio Marcondes (PSDB) chegou a criticar, em julho, a demora do Estado em entregar o ambulatório. “Eles só dizem que Lorena é prioridade, mas não dão andamento. Isso é prejudicial, afeta totalmente o trabalho aqui, pois já tivemos médicos que pediram demissões e queremos fazer um concurso público, mas para isso, precisamos saber quais as especialidades do AME, para não termos os mesmos atendimentos”, criticou, sem uma data confirmada.

Em resposta ao prefeito tucano, a secretaria estadual de Saúde frisou que o andamento do processo seguia na busca pelas instituições sem fins lucrativos. Na época, de acordo com a secretaria, o Estado já havia realizado duas convocações públicas, sem sucesso.

Na primeira oportunidade, nenhuma entidade manifestou interesse. Já na segunda, a instituição interessada apresentou projeto com valores muito acima do planejamento orçamentário feito pela pasta estadual, o que inviabilizou a parceria.

No segundo semestre foi iniciada a terceira convocação dos interessados, encerrado nesta semana. Entre eles, a Santa Casa de Lorena, que administrou a construção do ambulatório e chegou a ser anunciada como responsável pela administração do serviço, o que foi inviabilizado, devido a ordem para realização da licitação.

Com o impedimento, a Santa Casa passou a ser foco de outro empecilho, a área onde o prédio foi construído.

Durante reunião da CPI das Santas Casas, o secretário da Saúde do Estado, David Uip, chegou a dizer que o terreno pertence à entidade e que essa seria uma questão que o Estado teria que resolver para colocar o atendimento em prática.

Apesar da afirmação, a secretaria negou que o governo não tenha legalizado a situação da área. Já a Santa Casa garantiu que é proprietária do terreno.

A diretoria do hospital revelou ainda que fará parte do processo licitatório. Somente após o anúncio do resultado da licitação, a entidade deve se pronunciar sobre detalhes da implantação do AME.

Atrasos – Não foram poucas as vezes em que a construção do AME foi paralisada. Anunciado em 2009, o trabalho foi adiado por problemas como a transição de governo, entre Serra e Geraldo Alckmin (PSDB), troca de empresas em 2012 e pelo processo eleitoral de 2014.

O ambulatório deve colocar à disposição dos pacientes da região, 22 duas especialidades como cirurgias pediátrica e torácica, reumatologia, endocrinologia e ortopedia. Com investimento de R$ 6.979.930,58, a expectativa é de que o AME atenda pelo menos 17 cidades, beneficiando cerca de 450 mil pessoas.

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