Após dois anos do primeiro ônibus, Comil fecha unidade de Lorena

Empresa decide encerrar atividades após registro de mais de 60% de queda no mercado interno em dois anos

A unidade de Lorena da Comil, que fechou suas atividades nessa quinta-feira (Arquivo Atos)
A unidade de Lorena da Comil, que fechou suas atividades nessa quinta-feira (Arquivo Atos)

Da Redação
Lorena

Lorena recebeu uma péssima notícia nesta semana. A montadora de Ônibus Comil anunciou nesta quinta-feira que está fechando a unidade lorenense. Uma das principais empregadoras da cidade, a empresa sucumbiu à crise econômica nacional, acarretando na dispensa de mais de duzentas pessoas.
A confirmação do encerramento das atividades da Comil veio em nota oficial, publicada pela empresa. Segundo a montadora “é necessária (a medida) devido à crise sem precedentes do mercado do ônibus no país que, associados a outros fatores políticos, sociais e econômicos, reduziram o mercado interno de ônibus em 16% em 2014 e 45% em 2015, somando mais de 60% nos últimos dois anos, agravado por forte redução nos preços praticados no mercado de carrocerias e sem perspectivas de retomada do mercado a médio prazo”.
Na tentativa de evitar o fechamento, a Comil destacou que, ao lado do Sindicato dos Metalúrgicos e com apoio dos funcionários, chegou a adotar diversas medidas nos últimos meses que foram insuficientes para superar ou minimizar o impacto da instabilidade econômica no trabalho da fabricante. Entre as tentativas, a implantação do PPE (Programa de Proteção ao Emprego), com redução de horas e salário na ordem de 10%.
“Infelizmente, estas ações, associadas aquelas adotadas na unidade matriz, não foram suficientes para compensar a brutal queda no mercado de ônibus e a consequente redução no volume de produção, tornando insustentável a continuidade das atividades industriais da planta de Lorena”, destacou a nota.
O anuncio aconteceu dois anos depois da entrega do primeiro ônibus fabricado na planta de Lorena.
A chegada da empresa, em dezembro de 2013 foi apontada como um dos marcos da recuperação econômica e industrial de Lorena. A planta, instalada às margens da rodovia Presidente Dutra foi dimensionada para a produção de dez unidades de veículos urbanos com alta qualidade por turno.
O projeto de R$ 110 milhões tinha a expectativa de gerar quinhentos empregos diretos, mas a empresa não conseguiu impedir que a crise, que afetou outras fábricas pelo país, colocasse fim à produção.
A Comil garantiu que vai se esforçar para minimizar os impactos do fechamento para os funcionários dispensados, com o cumprimento dos deveres trabalhistas e sociais. A empresa deve manter alguns funcionários para a transição e conservação do patrimônio.
A cidade – De acordo com nota publicada ainda na manhã desta quinta-feira, a Prefeitura de Lorena destacou que “fez, ao longo do último ano, o possível para evitar que tal medida fosse adotada pela fábrica. A Prefeitura envidou esforços para auxiliar a Comil a buscar soluções para reduzir o impacto desta forte crise”.
A administração municipal lembrou ainda que a cidade garantiu à empresa os incentivos fiscais permitidos por lei e que Lorena, é apenas um dos municípios afetados diretamente pela crise que já causou várias demissões, como os mais de oitocentos desligamentos da Maxion, em Cruzeiro, no ano passado, mas que ainda vem registrando índices acima de outras cidades do Vale no levantamento do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).
“Enquanto Cruzeiro teve um saldo de menos 1.629 vagas, Taubaté de menos 6.394, Guaratinguetá de menos 311, Lorena teve saldo de menos 288 empregos formais. São números que a Prefeitura não gostaria de trabalhar, mas, eles refletem a realidade vivida atualmente por um país que perdeu, segundo o próprio Caged 1.542.371, nos últimos 12 meses”, frisou a nota.

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