A dois meses do lançamento, Teatrim vira foco de quem sonha com o teatro

Projeto do dramaturgo Caio de Andrade conta com sede própria e retomada do História em Cenas; proposta é elevar aspectos da dramaturgia em Lorena

Caio de Andrade conversa com funcionário em obra da futura sede do Teatrim; projeto deve atender jovens atores e abrir espaço à comunidade (Jéssica Dias)
Caio de Andrade conversa com funcionário em obra da futura sede do Teatrim; projeto deve atender jovens atores e abrir espaço à comunidade (Jéssica Dias)
Jéssica Dias
Lorena
Lorena está prestes a contar com um espaço único para o teatro. O sonho de um dos maiores nomes da dramaturgia na região será realizado em fevereiro, com o lançamento do Teatrim Cultura e Arte, que levará o conceito da arte teatral de dentro e fora dos palcos.O novo espaço será inaugurado com o projeto História em Cenas, ação que abre as portas do teatro para alunos da rede pública e que conta com três espetáculos apresentados em sistema de rodízio: “O Mandarim do Imperado”, “A Rua da Fortuna” e “O Jeca Voador e a Corte Celeste”. As peças serão encenadas pelos próprios alunos do dramaturgo Caio de Andrade, remanescentes do período em que ele coordenava o projeto no Teatro Teresa D’Ávila.O projeto do Teatrim é uma antiga ideia de Andrade, mas foi em 2017, em uma reunião com amigos, que ele sugeriu a ideia de fazer uma sala de teatro. Sua amiga, a advogada Ana Cecília Menezes gostou da proposta e se tornou sócia.Além das peças, o Teatrim terá um curso com jovens que sonham atuar no teatro.

Para a criação da sede, uma obra de um ano reformou um prédio à rua Paulino Chagas, nº 44, no bairro do Olaria. A sede, já em fase de acabamento, fica ao lado do Mercado Municipal.

O salão tem um espaço de 138 m², sendo cem lugares em cada apresentação, além dos camarins, banheiro e hall de entrada, onde funcionará a bilheteria. O local começou a ser reformado em fevereiro desse ano, e tem previsão para inauguração em fevereiro de 2019, com aspecto de área multiuso, estrutura que pode ser alterada dependendo do perfil da atração.  “A ideia sempre foi começar com projeto educativo, independente de ser um teatro convencional. O principal foco é trazer estudantes prioritariamente da rede pública e privada, mas com prioridade para os alunos da rede pública”, contou.

O valor do projeto chegou a R$ 298.167,45. Caio entrou com uma parte do investimento, e Ana Cecília com a outra. Além dos investimentos dos sócios, o Teatrim apostou em um crowdfunding, sistema de financiamento coletivo, que conseguiu adesão superior ao projetado (154%), com a participação de 69 pessoas. O orçamento leva em conta os gastos como autores, figurino, carpinteiro, cabeleireiro e manutenção. “Somos a primeira empresa ligada à área cultural que usou o crowdfunding, o financiamento coletivo. Ninguém tinha feito isso ainda, somos pioneirismo”, explicou o dramaturgo.

Projeção da futura sede do Teatrim, ao lado do Mercado Municipal; obra será entregue até fevereiro (Foto: Divulgação)
Projeção da futura sede do Teatrim, ao lado do Mercado Municipal; obra será entregue até fevereiro (Foto: Divulgação)

Primeiro ato – Primeira atração do Teatrim, o “Projeto História em Cena” foi o criado por Caio, no Centro Cultural Banco do Brasil – RJ, que levou milhares de estudantes ao teatro ao longo dos seus três anos de existência. A iniciativa será retomada em Lorena, inaugurando o novo espaço.

Com o “História em Cena”, em 2019 serão realizados 108 espetáculos com oitenta estudantes em cada apresentação, com duração de quarenta minutos, totalizando uma hora e trinta minutos com o debate.“Serão feitos debates para o público ter conhecimento sobre o que é um fazer teatral, o que é um cenógrafo, o que faz o figurinista, um cenotécnico, o que é uma bambolina”, exaltou Andrade, que espera atender 8.640 estudantes e 216 educadores.

O projeto será lançado com três peças: “O Mandarim do Imperador”, que retrata o momento de transição entre a Monarquia e a República, com o início da aventura republicana, retomando acontecimentos da época da Monarquia, relembrando a figura carismática de D. Pedro II; “A Rua da Fortuna” aborda um importante período da chegada de imigrantes, contando com muito humor a saga de um judeu polonês e um jovem libanês que acabam se conhecendo na rua da Alfândega, no Rio de Janeiro, provocando um instigante debate sobre as diferenças étnicas, religiosas e, antes de tudo, sobre a tolerância.

A terceira peça é “O Jeca Voador e a Corte Celeste”, história que se passa em 1920, período de transformações geradas pelo final da Primeira Grande Guerra. O espetáculo recebeu o Prêmio Maria Clara Machado de melhor espetáculo do ano, em 2002, incluindo melhor texto e melhor direção para Caio Andrade.

Apoio – Além de empresas já participantes do projeto, Caio de Andrade espera por maior adesão de marcas de todos os portes na região. O dramaturgo contou que o atual secretário de Cultura do Estado de São Paulo, Romildo Campello, fará uma visita a Lorena e passará pelo Teatrim para uma palestra com empresários da região.

Em viagem a São Paulo, ao lado do secretário de Cultura de Lorena, Roberto Bastos, o Totô, Andrade participou de uma reunião na Appa (Associação Protetora dos Amigos da Artes), que trabalha com a distribuição de produtos por todo o Estado. “Tudo que produzirmos no Teatrim teoricamente vamos escrever na Appa, e ela redistribuirá o produto cultural. Como vou produzir espetáculo aqui, não queria que eles morressem aqui. Eles vão participar do projeto educativo, e depois eu queria que eles tivessem uma longevidade. O projeto está aberto até o dia 31 de janeiro, então todas as peças que pretendemos produzir aqui ano que vem eu já escreverei na Appa”.

Caio – Dramaturgo, diretor e produtor teatral, Caio de Andrade nasceu em Lorena e construiu sua carreira no Rio de Janeiro. Formado em jornalismo, trabalhou em veículos como os canais de TV Manchete e SBT.

Nos palcos, como autor e diretor, focou em projetos que constroem uma ponte entre o teatro e a história do Brasil.
Em 2008, Andrade voltou à sua cidade para comandar a reforma do Teatro São Joaquim, e criar a Companhia Palco da História, que seguiu até 2009. Em 2014, a companhia foi reativada, viabilizando o comando de um projeto inédito, o Teatro Teresa D’Ávila.

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