Pai encara meia maratona por sonho de filho com paralisia cerebral

Pela felicidade do filho, Rodrigo participa da Meia Maratona de Frei Galvão empurrando triciclo adaptado

Leandro Oliveira

A história de Rodrigo Rocha e Gabriel têm elementos únicos. A superação, comum em todas as modalidades esportivas, neste caso ultrapassa a fronteira do esporte. No último domingo, os dois participaram dos 21 Km da Meia Maratona de Frei Galvão, em Guaratinguetá. O percurso foi concluído em 1h35m24s e o resultado não poderia ser outro, senão o mesmo de todas as outras etapas. Exemplo de persistência, a família Rocha comemora mais um capítulo de amor e vitória na vida.

Unidos pela felicidade de correr juntos, pai e filho compartilham etapas, sorrisos, emoções e sentimentos. Os dois cruzam o país disputando provas de curtas, médias e longas distâncias com o mesmo objetivo em cada uma delas: se superar.

Há cinco anos, o engenheiro elétrico Rodrigo Rocha decidiu começar a correr, graças ao convite de um amigo. Biel, como é carinhosamente conhecido, tem paralisia cerebral e sempre se animava ao ver o pai se preparando para as provas. Foi então que Rodrigo teve a ideia de criar um veículo que permitisse que ele corresse ao lado do filho. De lá para cá, ambos não se desgrudaram mais. A cada nova prova ou quilômetro vencido, pai e filho dividem os mesmos sentimentos. O que começou como brincadeira, virou sinônimo de união, superação e felicidade.

Em 2010, Rodrigo decidiu dar o primeiro passo no mundo das corridas de rua. “Um conhecido me chamou para participar de uma corrida e o Gabriel acabou vendo e demonstrando que queria participar também. Eu fui caminhar, acabei correndo e nesse momento percebi que ele ficou eufórico. Ele vibrava durante todo o percurso e eu pensei que devia existir outra maneira dele estar comigo”, contou.

O interesse do filho só crescia. Em outra prova, de 5 km, Gabriel aguardava a largada ao lado do pai, em meio aos espectadores. Bastou que a corrida tivesse início para que Rodrigo e Biel não se segurassem e entrassem na prova. Mesmo em uma cadeira de rodas não adaptada para atividades esportivas, Biel completou os 5 mil metros, conduzido pelo pai. “Ver a alegria do meu filho não tem preço. A cada sorriso, as energias eram renovadas e a gente tinha ainda mais força para cruzar a linha de chegada”.

Correr com o filho passou a ser um sonho para Rodrigo. Ele buscou alternativas, pensou em algo que pudesse facilitar a introdução de Biel nas corridas e não sossegou enquanto não teve respostas positivas. “Partindo da ideia de correr com ele, pensei que tinha que ser algo (veículo) adaptado. Pesquisei o que poderia ser feito, rabisquei algumas ideias e um amigo, projetista, fez o triciclo”, detalhou. O projeto teve apoio de Marcelo de Paula, engenheiro responsável pelo desenvolvimento do triciclo.

Com o triciclo adaptado feito, nada mais poderia impedir que Biel passasse a acompanhar o pai nas mais diversas provas que viriam pela frente. Provas curtas, como 1 Km, 5 Km e 6 Km ficaram para trás e os dois passaram a desejar grandes etapas. Corridas como a Meia Maratona de Frei Galvão, de 21 Km, passaram a fazer parte da rotina de pai e filho, que já completaram provas de 28 Km e 42 Km. “Nossa próxima meta são os 50 Km”.

Independente de resultados obtidos e das próximas corridas, Rodrigo e Gabriel vêm mostrando que se superar é, antes de tudo, essencial para o esporte e para a vida. E se o combustível para que cada quilômetro seja vencido é o sorriso de Biel, Rodrigo tem motivos suficientes para almejar novos desafios. Pensando assim, pai e filho querem disputar uma etapa do Campeonato Sul Americano de Triathlon de Ultra Distância. A prova, que será disputada em abril do ano que vem, tem 10 Km de natação, 421 Km de ciclismo e 84,4 Km de corrida.

 

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