Montevale demite 170 funcionários após atrasar pagamentos de salário e fundo de garantia em Guará

Empresa mantinha contrato com a Basf, rompido há uma semana após reincidência no atraso de pagamentos

Funcionários demitidos em frente a empresa Montevale; vvvvvv (Foto: Leandro Oliveira)
Sindicalistas e trabalhadores em frente a empresa Montevale, que prestava serviços para a Baf (Foto: Leandro Oliveira)

Leandro Oliveira
Guaratinguetá

Um grupo de 170 funcionários da Montevale, empresa que presta serviços no setor industrial do Vale do Paraíba, foi demitido há dez dias. Os trabalhadores relataram que estão com salário atrasado, sem vale, plano de saúde e sem receber o fundo de garantia há mais de um ano e meio.

Os colaboradores prestavam serviço para a Basf, que rompeu o contrato com a Montevale após atraso no pagamento de salários aos trabalhadores por parte da terceirizada.

Com duração prevista até 2021, o contrato, segundo a Montevale e a Basf, foi rompido após a empresa química alemã ter feito o repasse à terceirizada pelos serviços. Mas a Montevale utilizou o recurso, que teria como destino o pagamento dos trabalhadores, para quitar outro débito aberto junto ao banco.

Um dos trabalhadores, que preferiu não se identificar, confirmou a situação. “Tem gente de nove, dez anos aqui, sem receber nada. O fundo de garantia está atrasado há um ano e seis meses. Férias, pagamento, então está uma situação meio preocupante”.

Outro colaborador seguiu o mesmo discurso e afirmou que a situação dos companheiros de trabalho é crítica. “Falando por mim e por todos, a gente está passando dificuldade dentro de casa. Eles escutam isso e falam que estão no mesmo barco que a gente. Mas não falam do dinheiro que receberam e não repassaram nenhum centavo para a gente”.

Presidente do Sindicato dos Trabalhadores de Indústrias e Construções, Luiz Carlos Florêncio de Oliveira afirmou que aguarda, por parte da Montevale, uma lista completa referente a cada trabalhador demitido, com os valores recebidos por meio de salários, vale, férias e fundo de garantia. Até agora o documento não foi liberado. “Nessa listagem, aparecem valores que nós, enquanto sindicato, não avaliamos e não conversamos com os trabalhadores a respeito disso. A obrigação de pagamento é dela (Montevale). A obrigação de apresentação da lista é dela. Para que tenha um trâmite legal, nós vamos convocar uma assembleia para que cada trabalhador saiba o que vai proceder”, detalhou Oliveira.

Diretoria da Montevale confirma atrasos

O diretor da Montevale, Geraldo Roberto Rosa, confirmou que pelo menos 170 trabalhadores foram demitidos. De acordo o diretor, o último salário e vale estão atrasados, assim como o depósito do FGTS. “Realmente nós não pagamos o pagamento do dia 6 e o vale ficou para nós pagarmos dia 20 agora. Mas por falta de liberação de notas fiscais, a gente utilizava um banco de fomento em São Paulo, nós não conseguimos fazer o desconto e consequentemente não tivemos a condição de ter o recurso para fazer o pagamento em função de que nós perdemos o contrato com a Basf”.

Rosa confirmou que a Montevale tinha mais um ano de contrato com a Basf. “Houve alguns atrasos (no pagamento de salários aos trabalhadores), três ou quatro vezes. Fora alguns documentos que eu não tive condições de entregar para eles. Por força de contrato, foi quebrado o contrato”, destacou.

Questionado sobre o pagamento feito pela Basf e a falta de repasse, que deveria ser feita aos trabalhadores, o diretor respondeu que não conseguiu porque com o dinheiro que “entrou”, foi paga outra conta, de banco. “Nós contávamos com esses recebíveis que têm agora”.

Sobre o fundo de garantia, o diretor confirmou que o dinheiro tem sido recolhido, mas não depositado. “Todos os funcionários que estão sendo demitidos, em que há pendência de pagamento do FGTS, está sendo pago através das rescisões e das negociações”.

Segundo o diretor, a Montevale não tem caixa para arcar com os acordos com os funcionários, mas tem acesso aos recursos recebíveis. O diretor garantiu que a empresa honrará com os compromissos.

Citada pelos funcionários e pela Montevale, a Basf se pronunciou por meio de nota. “A Basf informa que no último dia 6 de setembro, foi avisada pelos colaboradores da Montevale, que presta serviços para a empresa nas cidades de Guaratinguetá e Jacareí, que eles não receberam o pagamento da Montevale, previsto para o dia anterior. Diante da reincidência do problema e para evitar quaisquer riscos à segurança desses trabalhadores, a Basf solicitou à Montevale que orientasse os colaboradores em questão e que regularizasse todos os pagamentos pendentes (trecho da nota)”.

O texto da Basf concluiu. “Apesar do pagamento ter sido reagendado para o dia 20, a Montevale não cumpriu o compromisso e, diante disso, a Basf realizou uma reunião com esse fornecedor e com os sindicatos da Construção Civil de Guaratinguetá e Jacareí, e dos Químicos de Guaratinguetá, quando a Montevale concordou com a realização de assembleias, a fim de definir os pagamentos dos salários pendentes”.

O contrato foi rompido no último dia 18. A Basf garante que sempre cumpriu com suas obrigações contratuais.

Desde o comunicado de demissão feito na última semana, os trabalhadores estão parados na porta da Montevale, aguardando um posicionamento oficial da diretoria da empresa.

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