Impasse com Estado mantém “Rodrigues Alves” fechado há sete anos

Localizado na área central de Guará, casa do Conselheiro permanece a disposição de cupins e mofo. (Foto: Arquivo)
Localizado na área central de Guará, casa do Conselheiro permanece a disposição de cupins e mofo. (Foto: Arquivo)

Carlos Pimentel

Guaratinguetá

O Brasil comemorou no último dia 18, o Dia Internacional de Museus. Pelo País, várias cidades participaram da Semana Nacional de Museus, mas em Guaratinguetá a situação é diferente. A cidade mantém hoje fechado um acervo que conta a história do presidente Rodrigues Alves (1848-1919).

É durante a Semana Nacional dos Museus, que cidades convidadas pelo Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) desenvolvem uma programação especial, o que não pode ser feito no Museu “Conselheiro Rodrigues Alves”.

Fechado desde 2008, o museu é tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) e Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e foi totalmente restaurado de acessibilidade para as pessoas com necessidades especiais.

O motivo do fechamento é um impasse entre a Prefeitura de Guaratinguetá e o Governo de São Paulo, que começou depois que o Estado entregou o restauro do museu, em dezembro de 2009.

Com custos de R$ 725 mil, as obras deixaram o casarão como era no século 19, e os objetos em exposição prontos para visitação. Entretanto, o local não irá abrir as portas até que seja completado o processo de municipalização, que corre desde então.

Por meio de nota, a secretaria Estadual de Cultura, atual responsável pelo prédio, informou que o acervo recebe periodicamente a visita de uma equipe técnica para averiguar as condições das mobílias, objetos pessoais do ex-presidente e do restauro realizado, e que está em negociação com a Prefeitura de Guaratinguetá para conclusão do processo de municipalização do equipamento.

A secretaria de Cultura de Guaratinguetá não quis se pronunciar sobre o caso, e alegou que o patrimônio ainda pertence ao Estado.

O ex-curador do Museu, Francisco Fagundes, mostrou preocupação com o longo período em que o museu está fechado. “No local há muitos objetos de madeira que podem estar sendo danificados por cupins, ou até mesmo pela ação do tempo. Podemos estar perdendo história”, salientou.

Segundo a professora de História, Dule Marcondes, a população de Guará perde muito com o fechamento do museu, pois o acervo mobiliário e documental proporciona às novas gerações os testemunhos materiais da vida dos povos antecessores, e no caso, a história de um dos filhos mais ilustres de Guaratinguetá. “Os museus históricos, se bem utilizados, são uma fonte quase inesgotável do saber. São um espaço de produção e socialização do conhecimento, de identificação do sujeito com a sua história. O museu fechado é um prejuízo para todos”, explicou.

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