Vereadores de Cruzeiro querem criar “pipódromo”

Morte de adolescente em Aparecida e números da EDP mostram que férias aumentam riscos com acidentes com pipas

Menino brinca durante as férias de julho, quando aumentam as ocorrências envolvendo pipas na região (Foto: Arquivo Atos)
Menino brinca durante as férias de julho, quando aumentam as ocorrências envolvendo pipas na região (Foto: Arquivo Atos)

Da Redação
Região

Um projeto apresentando pelos vereadores Sergio Antônio dos Santos (PDT) e Carlos Alberto Ribeiro (PR) pede a criação de “pipódromos” em Cruzeiro. Aprovada em discussão única, a proposta coloca à disposição de crianças, adolescentes e amantes da pipa, locais para a prática, na tentativa de reduzir os riscos com acidentes.

A ideia foi colocada em pauta nesta segunda-feira, nos últimos minutos da última sessão da Câmara antes do recesso de julho. Depois de gerar estranheza e comentários sarcásticos, Santos explicou a ideia. “Hoje (segunda-feira), passei pela Vila Pontilhão e vi muitas crianças empinando pipas na avenida, sem atenção ao movimento de carros. É um perigo. Tem outros lugares assim na cidade”, ressaltou.

O projeto foi aprovado por unanimidade e vai agora para sanção do prefeito Rafic Simão (PMDB).

A ideia, que segue outras cidades como São Paulo, que já conta com um pipódromo, é criar áreas em regiões que possibilitem soltar pipas com segurança, distante de avenidas com fluxo intenso de veículos e obedecendo as diretrizes da ABP (Associação Brasileira de Pipas). Os espaços como terrenos abertos, praças e campos de futebol, de acordo com o projeto, não devem possuir rede elétrica.

Na mesma semana em que o “pipódromo” foi sugerido pelos vereadores de Cruzeiro, um caso marcou a segunda-feira em Aparecida. Um adolescente de 16 anos morreu atropelado quando corria atrás de uma pipa, na rodovia Presidente Dutra.

O menor foi atingido por um carro após pular o canteiro central da estrada, e morreu ainda no local. Nenhum dos ocupantes do veículo ficou ferido e o motorista foi indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar).

Preocupação – Além de acidentes como o de Aparecida, os riscos com as pipas afetam também até quem não tem o costume de empiná-las. De acordo com a EDP, distribuidora de energia elétrica do Alto Tietê, Vale do Paraíba e Litoral Norte de São Paulo, o período de férias é de receio para o trabalho com o sistema de rede elétrica.

Um ranking de municípios do Vale do Paraíba que estabelece os pontos mais prejudicados por acidentes com pipas, aponta São José dos Campos como a cidade com o maior número de clientes afetados por queda de energia elétrica provocada pelo contato de pipas com a rede no ano passado. São mais de 35 mil residências prejudicadas. Pindamonhangaba é a terceira cidade na lista.

Em 2014, o Vale registrou mais de duas mil ocorrências, e mais de 200 mil clientes ficaram sem energia em algum momento por interrupções causadas por incidentes.

Para evitar novos casos, a EDP destaca precauções com materiais utilizados na criação de pipas que são condutores de energia, aumentando o perigo, como fitas VHS ou cassetes, usadas para fazer rabiolas. Outro material causador dos acidentes mais drásticos é o cerol (pó de vidro com cola), proibido e que pode acarretar em pagamento de multa pelo responsável.

O cerol é um risco para motociclistas e pedestres, e também oferece perigo no contato com a rede de energia. Ao cortar a camada protetora da fiação, a linha interrompe a transferência de corrente elétrica, podendo provocar curto-circuito.

A empresa lembra ainda o risco com o uso de objetos como o “lança-gato” (pedra presa a uma linha), arremessados para resgatar pipas e que podem danificar a rede elétrica.

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