Prefeitura suspende edital da Santa Casa de Cruzeiro, que volta a realizar atendimentos

Pacientes seguem com dificuldades após retomada no atendimento; médicos exigem três salários atrasados

Dívidas e polêmica de contratos aumentam crise sem fim na saúde pública de Cruzeiro; pacientes procuram atendimento na Santa Casa, que teve atendimento novamente paralisado por greve de médicos (Foto: Maria Fernanda Rezende)
Dívidas e polêmica de contratos aumentam crise sem fim na saúde pública de Cruzeiro; pacientes procuram atendimento na Santa Casa, que teve atendimento novamente paralisado por greve de médicos (Foto: Maria Fernanda Rezende)

Maria Fernanda Rezende
Cruzeiro

Desde a última semana, moradores de Cruzeiro acompanham as mudanças e ocorrências na Santa Casa da cidade. Nesta segunda-feira ela foi reaberta depois de dois dias de paralisação nos atendimentos. No mesmo dia, o edital que iria terceirizar a gestão da entidade foi suspenso pela Prefeitura.

Na última sexta-feira, médicos da Santa Casa deixaram de prestar atendimento, reivindicando pagamentos atrasados desde o ano passado. Os salários são referentes aos meses de agosto, setembro e outubro de 2015. A secretaria de Saúde informou que não há previsão de pagamento desses atrasos, mas que neste ano, os profissionais estão recebendo corretamente todos os meses.

Em meio à dificuldade em gerir a entidade e quase ao fim do mandato de Ana Karin Andrade (PRB), a Prefeitura havia lançado um edital de abertura de processo de seleção, que iria terceirizar a gestão da Santa Casa, pelos próximos 15 anos. O processo foi suspenso nesta segunda-feira.

A medida foi levada a público por meio de nota da Câmara, que dizia que a prefeita Ana Karin (PRB), por meio de seu procurador jurídico, Magno José de Abreu, enviou um ofício ao presidente do Legislativo, Diego Miranda, afirmando a interrupção processo. O motivo não foi divulgado.

Em resposta ao Jornal Atos, a Prefeitura informou que “as tratativas para que a Santa Casa volte a ser administrada pela Irmandade, e consequentemente pela Diocese de Lorena, continuam, mas sem previsão de um acordo final”.

Questionado sobre a reabertura da Santa Casa, o Executivo afirmou que nesta terça-feira o hospital oferecia médicos nas áreas de pediatria, obstetrícia, ginecologia, cirurgia, clínica geral e ortopedia, mas quem recorreu ao atendimento no local, neste dia, relatou uma situação diferente.

“Não tem pediatra e o clínico geral está demorando muito para atender. Fiquei duas horas esperando. Meu filho estava com febre a noite inteira e nem medicado foi. Nem o exame de sangue, que o médico pediu, não dá para fazer aqui. Não tem nada”, criticou a secretária Jéssica Monteiro.

Com a demora no atendimento, as escadas de acesso ao Pronto Socorro começaram a ser usadas pelos pacientes para esperarem o atendimento, já que a sala de espera estava cheia. A empregada doméstica, Silvana de Souza, que aguardava atendimento para seu neto, relatou que já havia passado pela mesma situação há dias atrás.

Na última quinta-feira, após esperar por três horas, Silvana desistiu. “Eu estava passando mal, com a pressão alta. Tive que pagar um médico particular e pegar um atestado para levar para o meu serviço. Aqui não fui atendida. Hoje estou com eu neto aqui, que está passando mal de febre. Se nem o senhor que está na cadeira de rodas ali dentro não foi atendido, ele que é prioridade, eu nem sei que horas vão chamar meu neto”, comentou a empregada doméstica, apontando um paciente cadeirante que também aguardava por um longo período.

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