Pais e funcionários denunciam merenda inadequada nas escolas de Cruzeiro

Alunos se alimentam de bolacha e suco; professores e diretores são orientados a não falarem sobre o problema

Entrada da Cozinha Piloto de Cruzeiro; secretaria de Educação é alvo de protestos de alunos, pais e até funcionários por merenda ruim (Foto: Maria Fernanda Rezende)
Entrada da Cozinha Piloto de Cruzeiro; secretaria de Educação é alvo de protestos de alunos, pais e até funcionários por merenda ruim (Foto: Maria Fernanda Rezende)

Maria Fernanda Rezende
Cruzeiro

Os alunos da rede municipal de ensino de Cruzeiro já sofreram com a falta de transporte público gratuito neste ano, mas agora o problema está na merenda inadequada para as crianças. Os pais exigem uma boa alimentação para os filhos e ajudam como podem. Funcionários relatam a situação, mesmo sendo orientados a não expô-la.

Na última quinta-feira, familiares de alunos que frequentam escolas e creches municipais, usaram as redes sociais para reclamarem da comida oferecida.

Anna Paula Santos tem uma filha matriculada no ensino fundamental e soube do problema pelas queixas da criança. “Ela fala que tem dia que é um macarrão grudento e outro dia bolacha de água e sal com suco. Minha filha disse que ontem (dia 9) nem água tinha para beber”.

Na falta de alimentos para merenda, pais levam comida de casa, mas nem todos têm condições de tirar do próprio bolso o que é de direito de todos alunos da rede pública. Muitas dessas crianças esperam pela refeição da escola por passarem dificuldades financeiras em casa.

“Onde eu trabalho não tem leite para fazer as mamadeiras e os pais estão tendo que levar de casa. Tem gente que têm como levar, mas e aqueles não tem? As crianças estão há uma semana comendo arroz e alguma mistura, não tem feijão. Tem gente carente lá”, relatou a merendeira, Edna Souza.

Segundo funcionários, a situação não é recente e alguns só tomaram coragem para relatar por conta das constantes reclamações das crianças. A esposa do autônomo, Daniel Watanabe, é auxiliar de professora e acompanha de perto as dificuldades enfrentadas pelas escolas municipais, muitas vezes, sem poder tornar público. “Minha esposa me relata o que ocorre por lá. Quando tem refeição é apenas macarrão com ervilhas. As crianças estão se alimentando praticamente de bolacha e suco. Não há comida na cozinha piloto para todas escolas. A diretoria e professores foram orientados a não tocar no assunto”, afirmou Watanabe.

O secretário de Educação, Carlos Zinanni, afirmou que a falta de leite ocorreu excepcionalmente na última quinta-feira devido a um problema de transporte com a distribuidora.

O chefe da pasta garantiu que devido aos problemas com fornecedores, alimentos não foram entregues e está trabalhando para que a partir da próxima semana esteja tudo normalizado.

As escolas da rede municipal recebem a comida da Cozinha Piloto, que tem uma nutricionista responsável pelo cardápio.

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