Na crise, comércio de Cruzeiro enfrenta baixa

Em meio à crise, pesquisas apontam que varejo da região inicia 2016 com dados negativos de faturamento

Clientes aproveitam ofertas em campanhas do comércio de Cruzeiro; com demissões e fechamentos, setor é diretamente afetado pela crise
Clientes aproveitam ofertas em campanhas do comércio de Cruzeiro; com demissões e fechamentos, setor é diretamente afetado pela crise

Maria Fernanda Rezende
Região

A crise que afetou o País durante todo ano de 2015 deixa seus rastros no comércio regional em 2016. Em Cruzeiro, varejistas afirmam que o saldo negativo se deu principalmente pela queda de até 10% nas vendas de eletrodomésticos, entre o final do ano passado e início desse ano. Com o aumento das taxas de juros e a diminuição do poder aquisitivo, os consumidores arriscam menos em grandes investimentos.
É o que confirma a PCCV (Pesquisa Conjuntal do Comércio Varejista do Estado de São Paulo), que apontou, em fevereiro, a baixa nas vendas de -20,6% em materiais de construção, -16,4% em concessionárias de veículos e -9,7% em lojas de eletrodomésticos, eletrônicos e lojas de departamento, em todo Estado de São Paulo.
A região enfrentou uma grande onda de desemprego no último ano, que reflete diretamente no fraco desempenho de vendas. A Maxion, maior empregadora de Cruzeiro, chegou ao número de 1,2 mil cortes de colaboradores em 2015. A empresa funciona como um termômetro na economia local, quanto maiores as demissões, maior o esfriamento do comércio.
Segundo varejistas da cidade, para manter a rentabilidade, as lojas precisaram se adequar à baixa demanda do consumidor, reduzindo o quadro de colaboradores em até 30%. Com a soma de todas contribuições e impostos, um colaborador custa para empresa, em média, 80% do valor do salário do mesmo, afirmam. Dados de fevereiro desse ano, do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) apontam as cidades da região que apresentaram saldos negativos de empregos: São José dos Campos (-1.132), Taubaté (-215), Lorena (-202), Guaratinguetá (-142), Cruzeiro (-36), Bananal (-28), Potim (-23), Queluz (-21) e Piquete (-3). Aparecida (115) e Pindamonhangaba (97) fecharam fevereiro com saldo positivo.
Para aquecer o varejo local, a Associação do Comércio de Cruzeiro (ACC), juntamente com as lojas associadas, apostam em datas estratégicas para incentivar às compras.
O vice-presidente da ACC, Newton Fábio da Rocha contou que são realizadas grandes campanhas em datas comemorativas, como forma de chamar a atenção do consumidor que habitualmente já movimenta o comércio nesses períodos. Porém, a previsão não é boa para quem espera pelas datas comemorativas, com a esperança de uma contratação temporária. Segundo o presidente do Sincomércio (Sindicato do Comércio Varejista de Cruzeiro), Anderson Baboni, não há previsões de novas contratações para o próximo Dia das Mães, que há anos atrás, era considerado “o segundo natal” para o comércio.
Em tempos de recessão, o consumidor faz ajustes no orçamento e revê os gastos prioritários. É o que afirmou Maria do Carmo Nogueira Gomes, que recentemente foi dispensada do comércio, no setor de serviços, e atualmente trabalha como diarista. “Com a renda familiar menor, procuro pelos menores preços em produtos que estou acostumada a comprar, e quando sobra dinheiro, aproveito promoções das lojas”.
Fôlego – Nesta semana, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que em fevereiro o comércio varejista nacional obteve alta de 1,2% nas vendas, em comparação ao mês anterior. De janeiro para fevereiro de 2016, o volume de vendas do comércio varejista cresceu 1,4% no Estado de São Paulo. Apesar do respiro, o Estado ainda apresenta uma participação negativa de -3,6% sobre a taxa do varejo, em relação ao mesmo mês de 2015.
Para Baboni, é possível enxergar tímidas bonanças para o ano de 2016. “O ano passado foi um ano de ajustes […] os primeiros 3 meses desse ano foram de planejamento. Eu vejo em 2016, o comércio se estabilizando para retomar o crescimento e a geração de emprego na região”.

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