Ex-secretário de Cultura de Cruzeiro denuncia descaso com acervo do Museu Major Novaes

Diretora do local diz que itens que não estão em processo de restauração, devem ser tratados, embalados e devolvidos ao espaço

Abandonada, mobília do acervo do Museu Major Novaes de Cruzeiro não sofreu restauração; denúncia contra descaso exige penalidade aos responsáveis (Foto: Reprodução)
Abandonada, mobília do acervo do Museu Major Novaes de Cruzeiro não sofreu restauração; denúncia contra descaso exige penalidade aos responsáveis (Foto: Reprodução)

Maria Fernanda Rezende
Cruzeiro

Uma denúncia dirigida ao Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico e Arquitetônico do Estado de São Paulo) solicita a punição imediata dos responsáveis pelo “descaso com o acervo do Museu Major Novaes” em Cruzeiro. O local, que passou por recente reforma, é tombado pelo órgão.

O denunciante, Vicente Vale já foi secretário de Cultura da cidade, na gestão do ex-prefeito Celso Lage. Ele reuniu fotos de todos os móveis e objetos pertencentes ao antigo Solar dos Novaes, que são ainda do período Colonial e que representam o início da história do município.

Segundo Vale, todo acervo móvel soma novecentos itens, que estariam sofrendo “danos irreparáveis”. Ele se refere às três mudanças de local feitas, durante o governo de Ana Karin (PRB) e Rafic Simão (PMDB). Na primeira delas, os objetos foram levados para o Solar dos Rosseti, construção histórica na área central da cidade, que atualmente sofre a depredação por usuários de drogas.

Por conta das constantes invasões ao local e exposição da mobília à chuva, houve a segunda mudança para o Clube Municipal, onde não havia risco de vandalismo, mas que não pôde abrigar os itens por muito tempo, já que o espaço é utilizado para outras finalidades. Atualmente, o material se encontra no Centro Cultural Rotunda, outra construção histórica da cidade, que apresenta sinais do abandono.

No ano de 2000, o Ministério Público sentenciou a Prefeitura a arcar com a restauração do acervo móvel. Obrigou também o Governo do Estado a recuperar a parte física do museu. A obra, que compete ao Estado, foi finalizada em 2013 e custou R$ 4 milhões. Já o dever do Município ainda não foi cumprido, por conta da crise financeira que impede o custeio.

De acordo com a diretora do Museu, Claudia Ribeiro, em 2014 somente 19 peças do acervo foram enviadas à São Paulo, para o trabalho de restauração. Isso porque à época, a Prefeitura já previa que não seria capaz de arcar com o valor do serviço em todos itens. Dois anos depois, nada retornou ao museu, devido à falta de pagamento pelo trabalho.

“A Prefeitura não pode dar um passo maior que perna. No novo governo já há um grande empenho em retornar com esse acervo, mas além de ser tudo muito burocrático, ainda não houve condições financeiras para isso”, explicou a diretora.

Em relação às mudanças de local, Claudia explicou que toda mobília foi retirada do museu por causa da infestação de cupins, que poderiam prejudicar partes da estrutura do local. A transferência para o Centro Cultural Rotunda, foi feita para que possa dar início à aplicação de produtos contra a praga. Depois de tratados, os móveis serão embalados em plástico bolha e retornarão ao local de origem, onde poderão ser vistos pelos visitantes.

Projetos – Diante da impossibilidade de manter um “Museu Casa”, a ideia para a utilização do espaço é a criação de uma exposição permanente sobre a história de Cruzeiro, dividida entre as histórias da família Novaes, da Ferrovia e da Revolução de 1932. Para esses três espaços, a direção do museu destacou que há o acervo necessário, mas ainda não há uma estrutura de móveis de apoio, com as devidas legendas e demais detalhes que compõem um museu. Outra alteração é a destinação de uma área somente para as fotografias antigas da cidade.

Para o projeto ainda não há expectativa de início dos trabalhos. Atualmente, o espaço recebe exposições itinerantes durante todo o ano e promove ações como o “Cine Clube” e o “Música no Museu”.

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