Cruzeiro implanta sistema de taxímetro em meio a críticas e denúncia de ameaças

Taxistas temem afastar passageiros com alteração nas cobranças e associação pede fiscalização contra clandestinos

Taxistas aguardam por passageiros em ponto do centro da cidade;  profissionais se posicionam contra o taxímetro (Francisco Assis)
Taxistas aguardam por passageiros em ponto do centro da cidade; profissionais se posicionam contra o taxímetro (Francisco Assis)

 

Da Redação
Cruzeiro

Determinada pelo Ministério Público Federal, a implantação de taxímetros em Cruzeiro encontrou barreira em parte dos taxistas que não concordam com o sistema. Auxiliando na adequação dos veículos, a Associação dos Taxistas apoia a medida, mas cobra fiscalização quanto aos clandestinos, com denúncia de ameaças aos profissionais.
A instalação é uma exigência federal criada em junho de 2015, que obriga táxis de municípios que possuam mais de 50 mil habitantes a trabalharem com taxímetros. Cruzeiro deveria implantar a medida em novembro, mas a associação do setor conseguiu estender o prazo para fevereiro.
A entidade, ao lado da diretoria de Trânsito, vem repassando aos taxistas dados da implantação. Sem uma oficina credenciada pelo Ipem (Instituto de Pesos e Medidas), a associação teve de trazer um profissional de Taubaté para fazer a instalação dos aparelhos na sede do órgão (na rua Celestino Antunes Novais, nº 610, no Regina Célia), antes de agendar a aferição junto ao Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia). “A instalação já vem sendo feita. A aferição será na segunda quinzena de fevereiro (16 a 19 de fevereiro). Estamos correndo contra o tempo, porque há muitos representantes da classe que são contrários”, contou o presidente da Associação dos Taxistas, Júlio Cesar Vilas Boas.
Nas ruas, a medida encontrou oposição pautada no atendimento à população e na previsão de dificuldade que os taxistas podem encontram com relação aos preços e a presença de clandestinos.
Trabalhando há seis anos na cidade, o taxista Luiz Antônio, 62 anos, opinou: “Nós sempre trabalhamos com o preço de corrida e com o taxímetro. O povo vai ficar mais arredio, porque eles não estão acostumados. Pelo menos por um tempo vai prejudicar a gente”, contou.
Outro taxista, que não quis se identificar, também se mostrou contra. “Acredito que em Cruzeiro não é viável, porque, primeiro que é uma cidade pequena e segundo, que as vias públicas são muito ruins, de paralelepípedo ou cheia de buracos. O taxímetro tem que passar por aferição e será que ele vai aguentar o tranco?”. Ele questionou ainda os gastos que terá com a implantação. “Vai gerar custo na compra, na aferição, que tem que ser feita uma vez por ano”.
Além dos taxistas, os passageiros também colocaram em dúvida a alteração. Prestes a entrar em um táxi, no centro da cidade, a dona de casa Eloisa Silva se espantou ao saber que Cruzeiro terá taxímetros a partir do próximo mês. “Se eles vão mudar, isso só não pode cair no bolso do povo. Porque aqui tudo que eles decidem é o povo que paga. Tem é que melhorar as ruas, a segurança. Tem muita coisa para ser feita na cidade antes de ficar pensando nessas coisas”, criticou.
A adequação à medida federal passou pela Câmara Municipal. O projeto aprovado definiu que as viagens terão valor de margem de segurança tabelada, dividida em bandeira 1 (R$ 4,00) e bandeira 2 (R$ 4,50).
“Creio que vai facilitar. Há um trabalho de conscientização com os passageiros e espero que isso facilite não só para os taxistas como para os usuários do serviço, com preço tabelado”, avaliou o diretor de Trânsito de Cruzeiro, Benedito Rodrigues.
Denúncia – O presidente da Associação dos Taxistas lembrou que o setor deve questionar também a falta de segurança na cidade para quem atua na área.
Vilas Boas denunciou a atuação de clandestinos em Cruzeiro que não só estariam derrubando os preços como também ameaçando os taxistas regularizados. “São muitos veículos clandestinos no município. Estamos focados nesta fiscalização, mas precisamos de uma estrutura maior para coibir essa ação, porque nem só a Associação, nem o Trânsito são o suficiente para barrar os clandestinos. Quanto a cobrança, é uma situação de conscientização do passageiro, porque o clandestino consegue cobrar mais barato porque está irregular, tendo em vista a ausência de fiscalização mais rigorosa”.
Taxista há 14 anos e há quatro na presidência, ele contou ainda que alguns taxistas estão evitando trabalhar no período noturno após receberem ameaças. “O que estamos fazendo é nos adequar a essas medidas, mas precisamos de um respaldo, de segurança para oferecer um serviço de qualidade”.

bandeira 1                                                             bandeira 2

R$ 4,00                                                                                                                        R$ 4,50
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