Atendimento do ARE de Cruzeiro tem demora e até falta de água

Funcionários compram material básico como copos, papel higiênico e sabonete; pacientes se queixam do serviço que tem verba média de R$ 3 milhões de fundo federal

Pacientes aguardam por atendimento no ARE em Cruzeiro; a espera pela consulta chega a cinco meses (Maria Fernanda Rezende)
Pacientes aguardam por atendimento no ARE em Cruzeiro; a espera pela consulta chega a cinco meses (Maria Fernanda Rezende)

Maria Fernanda Rezende
Cruzeiro

Quem precisa da saúde pública de Cruzeiro está cada vez mais em maus lençóis. Pacientes do ARE (Ambulatório Regional de Especialidades), reclamam da escassez de itens básicos. Além da longa espera para o atendimento, conseguir até mesmo um copo d’água no ambulatório só seria possível pelo esforço financeiro de funcionários.
A saúde pública em todo território nacional passa por sérios problemas. Cada dia menos cidadãos conseguem se manter no sistema privado e tornam-se dependentes do SUS (Sistema Único de Saúde). Na região, as reclamações e denúncias se acumulam, com destaque para Cruzeiro, que sofre com crise milionária na Santa Casa e o sistema municipal, prejudicado pela baixa nos cofres da Prefeitura.
Segundo pacientes do ARE, por diversas vezes eles teriam se deparado com a falta de copos descartáveis, papel higiênico, sabonete para higienizar as mãos e até mesmo falta de água. Muitos afirmam que funcionários desembolsam o próprio dinheiro para suprir as necessidades. Há também queixas sobre o tempo de espera para conseguir atendimento médico. “Consegui marcar uma consulta só para daqui cinco meses. Não sei como vou estar lá”, contou uma paciente (que preferiu não se identificar), preocupada com seu quadro de saúde.
Funcionários do ambulatório confirmam a carência de alguns itens para o atendimento da população, mas dizem que isso ocorre durante uma ou duas semanas no máximo, entre o processo de pedido e entrega dos produtos.
Quanto à demora para conseguir atendimento, a assistência do local explicou que a agenda de consultas é aberta a cada quatro meses, média de tempo de espera para todas as especialidades. Quem tenta se encaixar em alguma vaga antes da data prevista para consulta, deve contar a disposição para conseguir. “Geralmente, a maioria das pessoas conseguem uma vaga para atendimento antes do marcado, mas para isso, tem que chegar bem cedo aqui”.
O ARE atende Cruzeiro e cidades do Vale Histórico. A concentração de pacientes exige atenção especial, principalmente quanto ao custeio das carências.
Segundo dados do portal do FNS (Fundo Nacional de Saúde), somente em 2016, Cruzeiro recebeu mais de R$ 3 milhões em repasses financeiros para o bloco de média e alta complexidade ambulatorial.
Procurada pela redação, a secretaria de Saúde do município não esclareceu ao certo como é feita a distribuição do repasse pelo FNS. As informações são de que a verba federal que chega não é o suficiente para custear toda despesa do ARE e que qualquer gasto é direcionado a prioridades.

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