Famílias cobram estrutura básica e recuperação de casas em Canas

Barro, rachaduras, escorpiões e aranhas: viver em residencial do Minha Casa Minha Vida virou pesadelo na cidade

Moradora mostra problemas na casa entregue a dois anos em Canas (Francisco Assis)
Moradora mostra problemas na casa entregue a dois anos em Canas (Francisco Assis)

Da Redação
Canas

Dois anos após a entrega das chaves, os moradores do residencial São Judas Tadeu, em Canas, não têm muito o que comemorar. A falta de pavimentação, rachaduras e o aparecimentos de animais peçonhentos ainda faz parte do dia a dia das trinta famílias, atendidas pelo conjunto habitacional, construído por meio do programa federal Minha Casa Minha Vida.
Os contemplados com moradias do programa encontraram em maio de 2014 um cenário bem diferente do que esperavam. A obra, iniciada no final de 2011, ainda no primeiro mandato do prefeito Rinaldo Zanin (PDT), cassado em 2015.
Meses após a entrega das unidades, os beneficiados já protestavam contra as condições do local. À reportagem do Jornal Atos, relatos de famílias que tiveram que pagar pelo poste de energia instalado e banheiro entregues sem azulejo.
Depois de dois anos, os motivos para as reclamações continuam praticamente os mesmos. Uma das primeiras moradoras do residencial, a dona de casa Edna da Silva deixou sua casa, na região central da cidade para morar no São Judas Tadeu. “Nas últimas casas, o esgoto entope, não tem nem calçamento, nem uma área de lazer. Já pedimos e eles (Prefeitura), mas só falam que vão fazer e não fazem nada. Tem hora que a gente desiste, porque não dá para ficar esperando. A gente cansa, fica estressada com essa situação toda”.
Ela é uma das primeiras moradores e uma das responsáveis pela discussão com a Prefeitura para cobrar melhoria no residencial e contou que já se arrependeu de sair da antiga casa, que ficava em uma área próxima aos Correios, onde será construída uma praça.
“Moro aqui há dois anos com meu marido. Eu me arrependo muito de ter saído daquela casa, mesmo ela sendo velha. Saímos com mais nove pessoas, que também vieram pra cá e todos estão descontentes”, contou Edna.
A dona de casa faz parte do grupo que cobra da Prefeitura melhorias básicas para o residencial. Ela iniciou a conversa ainda no mandato anterior, mas disse que com o atual prefeito Lucemir do Amaral (PSDB) o diálogo é ainda pior. “O atual prefeito nem aparece aqui para saber como estamos, vem pra pedir voto. Diz que vai ajudar no que pode, mas não aparece pra nada. Achamos até cobras aqui, uma urutu, rato, e não vem ninguém da Prefeitura ver como estamos. A gente pede até pra passar a máquina, pra roçar e é uma demora”, criticou. “Os vereadores também não aparecem, só na eleição. Agora é capaz que vai começar a aparecer”, salientou.
Na rua José Coelho de Abreu, a lama ocupa o espaço que deveria ser do asfalto, prometido antes da entrega das casas. Uma valeta, próxima às últimas moradias do residencial teria se tornado foco de bichos e do medo por doenças como a dengue.
Outro pedido é da instalação de um posto de saúde mais próximo ao bairro. Quem precisa de um atendimento emergencial tem que se deslocar até o Centro. Apenas agentes de saúde visitam às trinta famílias do São Judas Tadeu.
Outra moradora que mostrou a série de problemas que enfrenta diariamente é Terezinha Aparecida Teotônio, 59 anos. Entre eles, a necessidade de driblar escorpiões pelo chão batido. “Eu já vi um escorpião aqui, que passou pelo meu pé. Meu marido que viu. Aranha também. A porta está tão fraca que a gente tem que ficar escorando ela quando chove, mas entra muita água”.
Terezinha mostrou os quatro cômodos da casa, com rachaduras e bolor, que colocam em risco o humilde mobiliário. “A Prefeitura entregou a casa cheio de rachadura, sem acabamento. A gente fica com medo, quando chove forte parece que cai cair parede”, revelou a mulher que mudou para o residencial em junho 2014, que lembrou ainda da dificuldade de acesso ao local. “A rua fica uma buraqueira. Quando chove, a rua fica pura lama e somos obrigados a fazer um caminho alternativo para conseguir entrar nas casas. Antes de entregar aqui, eles poderiam pelo menos ter colocado bloquetes ou asfalto na rua”.
Apesar das várias cobranças no local, os moradores ainda não têm uma perspectiva de quando devem ser atendidos.
Assim como na matéria que abordou os problemas do São Judas em 2014, a reportagem do Jornal Atos não conseguiu uma resposta da Prefeitura sobre a situação das famílias até o fechamento desta edição.

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