Vereadores voltam a salvar Edson Mota de cassação em Cachoeira

Prefeito é alvo de apontamentos após contratar empresa com mais de 170 acusações pelo país; por 9 votos a 3 base defende governo e barra oposição

O prefeito Edson Mota que teve pedido de cassação rejeitado na Câmara; vereadores  (Foto: Arquivo Atos)
O prefeito Edson Mota que teve pedido de cassação rejeitado na Câmara; apenas três vereadores foram favoráveis  (Foto: Arquivo Atos)

Jéssica Dias
Cachoeira Paulista

Os vereadores de Cachoeira Paulista rejeitaram mais um pedido de investigação sobre denúncia contra o prefeito Edson Mota (PR). A votação, que teve apenas três parlamentares favoráveis, nove contrários e uma abstenção, livrou o chefe do Executivo de responder por processo de cassação.

A Câmara recebeu no último dia 21 um novo pedido de cassação. A acusação, apresentada pelo morador Marcelo José Villela Pinto, se baseou no contrato firmado em 2017 com o escritório Gradim Sociedade Individual de Advocacia, antes conhecido como Castellucci e Figueiredo Advogados Associados.

Os parlamentares contrários ao recebimento do pedido de cassação foram Agenor do Todico (PSDB); Aldeci Baianinho (PSC); Breno Anaya (PSC); Dimas Barbosa (PTB); Nenê do São João (PSB); Carlinhos da Saúde (PSD); Mariza Hummel (PP); Max Barros (DEM) e Vica Ligabo (PTB). O vereador Tião do Marly (PR) se absteve e os contrários foram Professor Danilo (PROS), Dadá Diogo (PODE) e Thales Satim (PSC).

Na sessão, os vereadores debateram, defenderam Mota e comemoraram o resultado final para reprovação. Os parlamentares da base criticaram o governo do antecessor João Luiz Ramos (PT), que governou a cidade entre 2013 e 2016, e afrontaram a oposição. “Quanto pior a Prefeitura se encontra, para oposição é melhor. A oposição na qual se encontra a vereadora Dadá nunca quis o bem da cidade. A senhora Dadá foi vice-prefeita do ex-prefeito João Luiz e vocês (governo) acabaram com a cidade. O mais engraçado é que tudo se podia com vocês, agora com Edson Mota (PR) tudo é denunciado”, afrontou o vereador da base, Barros.

A vereadora rebateu a crítica. “Eu sou fiscal e me elegi vereadora para fiscalizar. Fui vice-prefeita do Joao Luiz, ele é uma excelente pessoa, mas deixou nas mãos de outras pessoas. Como tinha vários vereadores (de hoje) na Casa (na época), porque não afastou e cassou o mandato do ex-prefeito?”

Ataques – Na tribuna, o vereador Max Barros partiu para o ataque, na tentativa de desqualificar o autor da denúncia. Ele apresentou uma gravação em áudio que supostamente seria do denunciante, extorquindo o prefeito. “Estou precisando urgentemente de ajuda. Eu separei da minha esposa, estou com dificuldade financeira. Estou devendo três meses de aluguel, conta de agua, luz. Quero saber se o Edson pode me ajudar nessa parte, porque eu não sabia a repercussão desse documento que eu fui assinar, nem sabia o que estava assinando. O Juliano Vieira pediu pra eu mandar e eu peguei com o José Mauro (esposo da vereadora Dadá), só que eu acho que quem montou não foi o José Mauro, ele pediu para outro advogado. Eu acredito que foi o Aloísio Vieira que fez isso aí. Pelo amor de Deus, pede para o Edson Mota me ajudar (trecho retirado do áudio)”.

Segundo o vereador Breno Anaya, o denunciante tentou fazer a mesma coisa que fizeram no governo do ex-prefeito João Luiz: chantagear para conseguir dinheiro. “Hoje é o dia que eu fiquei mais pasmo nessa Câmara, sem palavras. O que já me causou estranheza é que quando chega algo polêmico na Câmara, geralmente chega na segunda-feira às 17h59 para causar um estardalhaço na terça-feira e a noite ser votado na sessão, essa não, essa já chegou na quarta-feira, e agora nós entendemos porque, para dar tempo de extorquir o prefeito, para tentar fazer o que fizeram com o ex-prefeito João Luiz. O denunciante nem veio na Câmara, eu tenho dó dele, foi usado e agora a gente percebe”.

A reportagem do Jornal Atos procurou o pecuarista e ex-vereador de Cachoeira Paulista e Silveiras, Juliano Vieira e o ex-prefeito Aloísio Vieira, citados por Max Barros, para um posicionamento sobre o caso. O ex-vereador negou participação na denúncia. “Não temos nada a ver com este problema. O denunciante é nosso conhecido, mas não fomos nós que fizemos a denúncia. Não temos este hábito de pedir para alguém fazer alguma denúncia com o prefeito de Cachoeira. Lamento muito o uso de meu nome”.

Aloisio Vieira não foi encontrado até o fechamento desta edição. De acordo com Juliano Vieira, que é sobrinho do ex-prefeito, ele está numa viagem a Porto Alegre, onde participa de uma feira agropecuária.

Juliano Vieira criticou a postura da base sobre o pedido de cassação de Mota. “Lamento uma denúncia tão cheia de verdade, com porte jurídico para poder cassar o prefeito, terminar desta maneira”.

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