Com avanço de casos de Covid-19 em Aparecida, Prefeitura busca leitos e afasta possibilidade de retomar turismo

Vagas para pacientes na Santa Casa chegaram a se esgotar no último final de semana; referência para Roseira e Potim, hospital enfrenta falta de estrutura

A Santa Casa de Aparecida, que tem 70% dos leitos ocupados; estrutura preocupa Administração (Foto: Marcelo A. dos Santos)

Marcelo Augusto dos Santos
Aparecida

Com duas mortes confirmada por Covid-19 e rede de saúde à beira de colapso, Aparecida ampliou a discussão sobre as medidas para evitar o avanço da doença. Durante a semana, Santa Casa e secretaria de Saúde abordaram os riscos enfrentados no município, que tem dois leitos livres e passa por pressão para flexibilização no turismo religioso.

Registrando 63 casos, 98 suspeitos e 31 pacientes recuperados, a capital católica brasileira tem como referência para o tratamento de pessoas com Covid-19 a Santa Casa de Misericórdia do município, que atente também Roseira e Potim.

No começo pandemia (março), as vizinhas se uniram e arcaram com uma ampliação de leitos, gerando mais vinte quartos, sendo 12 para internação em enfermaria e 8 com respiradores e aparelhos para intubação.

Mas a estrutura não foi suficiente. No último final de semana, o hospital chegou a sua limitação e quatro pacientes tiveram de ser transferidos para o Hospital Regional de Taubaté.

A informação foi publicada na última segunda-feira (6) pelo o administrador da Santa Casa, Frei Bartolomeu Schultz, em um poste publicado em seu perfil no Facebook. “A Santa Casa de misericórdia informa que dispõe de 10 enfermarias para a ala Covid, com 2 leitos cada, isso corresponde a 20 leitos. Destes leitos, 12 são clínicos e 8 com respiradores. Vale ressaltar, que quando os pacientes são suspeitos, não podem ocupar a mesma enfermaria. Isso acarretou a necessidade de 4 pacientes entubados serem transferidos para Taubaté. Hoje estamos com 10 pacientes internados ocupando as 10 enfermarias”, publicou o religioso.

Quatro dias depois, Schultz revelou que as transferências garantiram uma leve melhora no cenário atual. “Hoje, nós estamos com oito pacientes internados. Destes oito, cinco são positivos e ainda temos quatro vagas de enfermaria para internações (…). Com essa crescente de casos, que vem acontecendo, e de pessoas suspeitas procurando nossos hospital, a gente entende que isso tende a crescer daqui para frente”.

A informação do administrador do hospital foi confirmada pela secretária de Saúde Ana Carolina Sbrana.

Durante entrevista ao Atos no Rádio, a secretária explicou a avaliação de Frei Bartolomeu Schultz, referente a colocar dois pacientes suspeitos de novo coronavírus juntos ou um suspeito com um confirmado em um mesmo ambiente. “A gente chegou no final de semana com uma situação mais agravada, porque recebemos muitos pacientes suspeitos que precisaram ficar internados na enfermaria”.

Com o número infectados crescendo, a administração municipal começa a buscar outras alternativas para melhoras a infraestrutura de atendimento. Uma das opções é a o prédio da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) 24 horas.

O empreendimento foi anunciado em 2013 e entregue com um orçamento de mais de R$ 2,7 milhões. De acordo com a Ana Carolina, o local aguarda uma autorização do Ministério da Saúde para que possa ser utilizado.

A Prefeitura especula também a construção de um hospital campanha em uma área cedida pelo Santuário Nacional, que tem fácil acesso à rodovia Presidente Dutra, mas segundo governo, o alto custo inviabilizou o projeto. “Nós tentamos buscar esse recurso junto ao governo do Estado de São Paulo, para que também seja um hospital regional e não só para nossa cidade, mas não evolui naquela ocasião”, destacou a secretária.

Além da batalha contra o novo coronavírus, a administração também enfrenta a crise econômica gerada pela pandemia. No final de junho, a prefeita Dina Moraes Moreira (DEM) assinou um novo decreto para a reabertura do maior templo católico do Brasil, que deve reabrir suas portas no próximo dia 28, mas com o cenário atual de aumento de casos e estrutura escassa na saúde, o posicionamento do Município parece outro. “A própria reabertura está condicionada à relação epidemiológica do município. A gente está entrando na pior fase de contaminação da nossa região (…), então sabemos que neste momento não é possível, assim como no dia 28 de julho também é uma previsão e dependendo do que acontecer nos próximos dias isso pode mudar, pois a prioridade é a saúde da população”, frisou a secretária.

Nas ruas da cidade, a preocupação com o setor turístico tem elevado as discussões entre entidades para a reabertura do Santuário Nacional, que tem atividades paralisada desde março. O anúncio do governador João Doria (PSDB), que manteve a região na fase 2 do Plano São Paulo, tornou mais difícil colocar em prática a proposta debatida entre Igreja e Prefeitura.

Antes da definição do Estado, Ana Carolina já havia manifestado que a cidade poderia não seguir uma possível flexibilização dos setor. “… Aparecida não vai fazer nada que possa colocar em risco a saúde coletiva, então mesmo flexibilizando, nosso município, entender que não é o momento de flexibilizar, a gente vai manter fechado”.

 

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