Guará contraria OMS e mantém uso da hidroxicloroquina para tratamento de pacientes com Covid-19

Prefeitura muda formato de uso do medicamento, que passa a ser receitado para internados com decisão de médicos; saúde mundial descarta remédio

O prefeito Marcus Soliva, que mudou, mas não abandonou uso de hidroxicloroquina após decisão da OMS (Foto: Reprodução e Arquivo Atos)

Leandro Oliveira
Guaratinguetá

O uso da hidroxicloroquina está mantido pela Prefeitura de Guaratinguetá. O medicamento será utilizado em ambiente hospitalar, se houver autorização do paciente e prescrição médica. A administração municipal mudou a determinação pelo uso do remédio, após ter anunciado, anteriormente, que pacientes diagnosticados com novo coronavírus (Covid-19) e em tratamento domiciliar poderiam ter acesso ao medicamento.

A Prefeitura recebeu uma doação de uma rede de farmácias da região, que cedeu vinte mil comprimidos de hidroxicloroquina e mil comprimidos de azitromicina. Os medicamentos serão receitados de acordo com a necessidade médica e a prescrição de cada profissional de saúde. Apenas os pacientes que concordarem com o uso do medicamento poderão recebê-lo.

A mudança de decisão foi tomada nesta semana. De acordo com o prefeito Marcus Soliva (PSC), não haverá interferência do Executivo ou da secretaria de Saúde para receitar os medicamentos e a decisão ficará exclusivamente sob responsabilidade dos médicos. Os pacientes internados nas alas de enfermaria ou UTI (Unidade de Terapia Intensiva) poderão ter acesso aos remédios.

A medida contraria decisão da OMS (Organização Mundial de Saúde), que excluiu a hidroxicloroquina do ensaio clínico internacional e da lista de opções em análise para o tratamento da Covid-19. O remédio já havia sido apontado anteriormente como ineficaz ou sem comprovação científica de cura a pacientes diagnosticados com a doença. A decisão foi tomada na última semana.

Por nota, a Prefeitura de Guaratinguetá alega que segue o que é permitido e indicado pelo Ministério da Saúde, quanto a utilização do medicamento. “Guaratinguetá seguirá o protocolo do Ministério da Saúde com a utilização do medicamento somente com avaliação médica, com a autorização do paciente nos hospitais”.

A medida é baseada na apresentação de um protocolo do Ministério da Saúde, de 20 de maio, quando o setor inclui a cloroquina e seu derivado, a hidroxicloroquina, em tratamento de casos leves da doença. Segundo o documento, cabe ao médico a decisão de prescrever ou não o medicamento. Argumento usado pela Prefeitura de Guaratinguetá.

Mas no dia 30, o Ministério Público Federal pediu a suspensão da norma do Ministério da Saúde que amplia o uso da cloroquina na rede pública de saúde. Os procuradores pediram a suspensão da ampliação até que o Ministério apresente um relatório completo de benefício-risco a favor do uso da cloroquina pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

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