“Não somos aliados. Somos governo”

Michel Temer
DILMAÉCIO

Após a eleição presidencial convencionou-se dar ao governante eleito um período de trégua para a tomada do pé da situação do país.

É o período da “lua de mel” entre o governante e governado onde o eleito é poupado de exigências.

Agora, quando há reeleição o período é de ressaca.

As cobranças dos governados é sem piedade, principalmente pela oposição.

As criticas que se fazem à oposição são infundadas, pois é difícil ser oposição com três partidos e com 20% de deputados federais.

Talvez a crítica mais contundente à oposição seja ao diagnóstico equivocado que o PSDB e principalmente FHC, em 2004, fez quando o “mensalão” estourou.

Segundo avaliação de FHC era levar o presidente Lula as cordas, deixá-lo sangrar e beijar a lona nas eleições de 2006.

Esta visão equivocada de FHC macula a sua biografia.

O presidente Lula percebeu a gravidade do fato e o seu partido e partidos aliados montaram uma blindagem que convenceu a população de que o presidente Lula nada sabia e legou à oposição um título de ineficiência e incompetência, ou até de inexistência.

De fato, os presidentes Lula e Dilma governaram sem a oposição.

As perdas políticas que teve recentemente foram os sintomas de racha do PMDB.

O quadro político e econômico que a presidente Dilma enfrenta não deixa muito espaço para manobras e blindagens.

Apesar do debate eleitoral não ter trazido à tona os graves problemas da economia e o próprio eleitor não ter apetite cívico para entendê-los, a inflação e a queda do emprego, a dívida fiscal, ensejam um cursinho rápido de economia doméstica.

Os problemas econômicos se avolumam com o fraco desempenho da economia

A nova composição do Congresso Nacional não dará a presidente sonos tranqüilos.

A declaração do presidente do PMDB, Michel Temer, colocando a relação de apoio político como ação de governo transforma o panorama político em confronto, ou seja, somos aliados ao que interessa ao partido politicamente e oposição quando fere os interesses da legenda.

Não será fácil dominar o Congresso através da coalização, a famosa base governamental.

A fonte secou! O escândalo do “Petrolão” fecha as torneiras do dinheiro fácil e da distribuição de recursos para os partidos e parlamentares.

As urnas deram um recado muito claro aos partidos de apoio ao governo de que não concorda com os rumos político e econômico do país.

A presidente Dilma é refém da sua própria dificuldade de dialogar com os políticos e manter a sua base de governabilidade estável.

Sofrerá um desgaste político no início de seu governo onde terá de esquecer o que disse na campanha eleitoral.

Espera-se que ela saiba reconhecer os exageros e mentiras da propaganda eleitoral e aceitar os fatos, ainda que isso possa implicar em um custo político e confrontar as alas ideológicas que a elegeram.

Terá que “fazer o dever de casa” nos moldes em que o candidato Aécio não deixava claro, mas que os seus indicados para ocupar cargos no governo fariam como ela está fazendo.

A aceitação de que prometeu na campanha será incapaz de honrar.

A constatação da diferença do discurso e a pratica que a presidente Dilma terá que enfrentar.

Acusava o candidato Aécio de aumentar os juros para corrigir a inflação, fato constado recentemente pela elevação da taxa de juros pelo Banco Central.

A afirmação que o PSDB iria cortar salários e aumentar os preços administrados (combustíveis, energia elétrica) se constatou na semana passada com o aumento da gasolina, diesel e energia elétrica. E, agora?

Presidente, boa sorte!

 

Escrito por: Márcio Meirelles

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